A mulher em causa, Karen McDougal, revelou o caso e pormenores num testemunho manuscrito, com oito páginas, obtido pela revista The New Yorker.

Karen McDougal confirmou, no relato colocado hoje em linha, que escreveu o testemunho, mas que estava limitada em declarações públicas sobre Trump porque tinha assinado um acordo de confidencialidade.

A notícia adianta que McDougal recebeu 150 mil dólares (121 mil euros) durante a campanha eleitoral de 2016 pelos direitos da sua história, com um "homem então casado", pelo tabloide National Enquirer, que nunca a publicou.

Mesmo antes do dia da votação das eleições presidenciais, o The Wall Street Journal noticiou que o tabloide, cujo diretor, David Pecker, é um velho amigo de Trump, tinha pago pela história de McDougal, mas que não a tinha publicado, uma prática do setor conhecida como 'catch and kill' (agarra e mata).

Ex-funcionários da American Media Inc., a empresa que publica o Enquirer e outros sítios de coscuvilhices, afirmaram à Associated Press que a empresa costuma comprar os direitos de histórias sujas que envolvam certas personalidades.

Esta prática, descrita por seis antigos funcionários que participaram nestes negócios, pode dar a Pecker poder de influência sobre aquelas personalidades para que possa cobrar favores futuros, como aparecer na capa das suas revistas.

Os antigos trabalhadores falaram sob anonimato porque assinaram acordos que os impedem de revelar práticas da empresa.

Nos últimos meses, a American Media contactou McDougal para procurar estender a duração do seu contrato, que a impedia de falar sobre Trump, quando se conheceram as negociações discretas com a estrela do cinema porno Stormy Daniels, para manter reservada a sua alegação de que teve um caso com Trump, noticiou a revista.

A American Media adiantou que não considerou credível o relato do caso com Trump feito por McDougal, pelo que lhe pagou para ela escrever sobre condição física.

Em declaração enviada à The New Yorker, a companhia negou que tenha alguma influência sobre o presidente norte-americano, em resultado de ter os direitos exclusivos da história de McDougal.

A Casa Branca já negou que Trump tenha tido qualquer relação com McDougal. O alegado caso ocorreu pouco tempo depois de Trump ter casado com a sua terceira mulher, Melania, que tinha dado à luz recentemente, noticiou a revista.

Daniels, cujo nome real é Stefanie Clifford, também tinha afirmado que teve um caso com Trump, com início em 2006. Esta semana, o advogado pessoal de Trump, Michael Cohen, admitiu que entregou 130 mil dólares a Clifford em outubro de 2016, como parte de um acordo que a impediria de falar publicamente sobre o assunto.

O advogado de Los Angeles que representou Clifford neste acordo é o mesmo que representa McDougal nas negociações com a American Media, adiantou a revista.

McDougal disse à The New Yorker que lamentava ter assinado documentos que a restringem no que pode dizer. "Toda a mulher que fala pavimenta o caminho para outra", acrescentou.