O misterioso caso das crianças refugiadas que ficam em 'coma' na Suécia
Entre 2015 e 2016, o governo sueco registou 169 casos de Síndrome de Resignação, uma condição que ninguém consegue explicar.
© Getty Images
Mundo Investigação
O El País publicou esta terça-feira uma reportagem sobre um caso curioso que se verifica apenas na Suécia e apenas com crianças e jovens refugiados. Depois de verem negados os pedidos de asilo, estes entram num estado de apatia tão profunda que se assemelha a um coma.
Não há ainda uma explicação científica para o fenómeno mas os investigadores locais descrevem a condição como Síndrome de Resignação ou, utilizando a palavra sueca, ‘Uppgivenhetssyndrom’. Os médicos chegam a falar em milhares de casos, classificando-os como um caso epidémico de “histeria”.
Göran Bodegård, diretor de psiquiatria infantil no hospital universitário Karolinska, em Estocolmo, escreveu um artigo sobre a condição em 2005, dizendo que os pacientes ficam “totalmente passivos, imóveis, sem reação, retraídos, mudos, incapazes de comer e de beber, incontinentes e sem reação perante os estímulos físicos ou de dor”. “Chamam-se meninos apáticos aos infetados”, acrescentou, falando em crianças, mas admitindo que também afeta adolescentes.
De acordo com a publicação espanhola, o primeiro caso foi registado em 1998 mas só agora é conhecido publicamente, parcialmente devido a uma reportagem feita no ano passado pelo The New Yorker.
As crianças e jovens que padecem desta condição são, sobretudo, filhos de refugiados provenientes de países soviéticos, da antiga Jugoslávia ou de minorias como os yazidis. Os sintomas iniciam-se quando descobrem que o seu visto foi negado e nenhum deles sofre de nenhum problema físico ou psicológico.
As teorias sobre o estranho padrão sucedem-se, sem que nenhuma tenha, no entanto, colhido consenso. Karl Sallin, neurologista, diz que se trata de uma psicogénese cultural, ou seja, funciona por contágio. Os mais céticos dizem que é autoinduzido para evitar deportação, tese que os médicos refutam porque confirmam que os sintomas não são voluntários e, portanto, não podem ser autoinfligidos.
Facto é que, só entre 2015 e 2016, o governo sueco registou 169 casos de Síndrome de Resignação.
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