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Zimbabué: Oposição disposta a participar num Governo de transição

O principal partido da oposição zimbabueana, Movimento para a Mudança Democrática (MMD) afirmou-se hoje disposto a participar num Governo de transição, na sequência da intervenção militar contra a presidência de Robert Mugabe.

Zimbabué: Oposição disposta a participar num Governo de transição
Notícias ao Minuto

13:05 - 16/11/17 por Lusa

Mundo Intervenção

Em declarações hoje ao diário independente NewsDay, o porta-voz do MMD, Douglas Mwanzora, indicou que o "histórico" opositor Morgan Rsvangirai, líder do partido, que estava na África do Sul a receber tratamento a um cancro no cólon, regressou já a Harare para liderar a força política oposicionista nas negociações.

"Estamos satisfeitos com o que o Exército fez. É algo bom", sublinhou o secretário-geral do MMD, que não comentou, porém, o facto de os militares que aparentemente derrubaram o regime de Mugabe ainda o considerarem como presidente do Zimbabué.

As contradições são ainda evidentes, depois de um porta-voz das forças armadas ter afirmado quarta-feira à noite na televisão oficial, controlada já pelo exército, que a operação militar "não constitui uma tomada do poder" e que, uma vez terminada a "missão" de levar à justiça os "criminosos" que integram o grupo de colaboradores de Mugabe, esperam que tudo regresse à normalidade.

Apesar de os militares ainda se referirem a Mugabe, sob prisão domiciliária, como presidente do país e comandante em chefe das Forças Armadas, os soldados ainda não especificaram se devolverão o poder ao chefe de Estado ou se o afastam definitivamente do cargo para se criar um governo de transição civil transitório.

A confirmar-se esta última opção, afirmam os especialistas e comentadores locais e internacionais, tratar-se-á, de facto, de um golpe de Estado, enquanto o primeiro cenário é visto como "pouco provável, mas possível".

Segundo a estação de televisão pública sul-africana SABC, é "provável" que se constitua um Governo transitório de unidade nacional, liderado pelo vice-presidente destituído, Emmerson Mnangagwa, cuja expulsão do Governo de Mugabe esteve na origem da intervenção militar.

O Governo, acrescentou a SABC, terá como prioridade enfrentar a crise económica que afeta o país desde que começou a hiperinflação, em 2008, e que levou a moeda local a perder quase todo o valor facial.

Segundo a SABC, embora a informação esteja ainda por confirmar oficialmente, os militares revoltosos terão oferecido a Mugabe a possibilidade de negociar uma saída pacífica do poder em troca de proteção, para si e para a sua família, incluindo a "primeira-dama", Grace Mugabe, com aspirações políticas para suceder ao marido.

Além de Mugabe, sob prisão domiciliária, os militares prenderam também três ministros alinhados com a fação do partido que propõe a nomeação de Grace como sucessora de Mugabe, 93 anos e no poder desde que o país acedeu à independência (1980).

O ex-vice-presidente Mnangagwa -- um veterano de guerra que esteve nos sucessivos governos ao longo dos 37 anos de poder de Mugabe -- integra uma fação rival e também se assumia como sucessor do chefe de Estado zimbabueano, pelo que foi afastado da vice-presidência na sequência da purga supostamente dirigida por Grace Mugabe.

A partir do seu exílio voluntário na África do Sul, Mnangagwa emitiu um comunicado em que foi claro nas suas pretensões: "Rapidamente controlaremos o poder do nosso belo partido e país".

Também em Harare, a antiga vice-presidente do Zimbabué Joice Mujuru, afastada por Mugabe em 2014, apelou à realização de eleições "livres, justas e credíveis" no final de um período de transição que envolva todos os partidos e a sociedade civil.

Mujuru, que fora exonerada por Mugabe depois de acusada de conspiração para a tomada do poder, disse hoje aos jornalistas que a paz só é possível com a participação de todos, defendendo ser necessário um "período razoável" para que se possam realizar eleições, que devem ser fiscalizadas por instituições regionais e internacionais, sob a égide das Nações Unidas.

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