"Começaram a bater nas paredes mas o condutor nunca parou"
Documentos descrevem viagem de horror dentro do "camião da morte", que este domingo foi encontrado com 39 imigrantes ilegais, oito dos quais já cadáveres.
© Reuters
Mundo Estados Unidos
Este domingo um camião foi encontrado com oito pessoas mortas dentro, resultado da falta de ventilação. Outras duas morreram depois no hospital e 15 encontram-se ainda internadas em estado crítico. O veículo pesado saiu Calvillo, no Estado de Aguascalientes, com destino a San Antonio, no Texas, para fazer aquelas pessoas entrar de forma clandestina nos Estados Unidos.
O camião estava estacionado e exposto a altas temperaturas num parque de estacionamento de um supermercado de San Antonio, a duas horas da fronteira com o México.
O jornal espanhol El País, que diz ter tido acesso a relatórios que integram os documentos judiciais, avança com detalhes macabros sobre a viagem de 39 imigrantes clandestinos (25 eram mexicanos).
“A pessoas começaram a bater nas paredes para alertar o condutor mas ele nunca parou”, refere um dos documentos. “Havia um buraco na parede do camião e os imigrantes revezavam-se para respirar por ali”, pode ainda ler-se, segundo a mesma publicação.
As quase 40 pessoas sofriam com desidratação (não foi dada água em todo o percurso de 240 quilómetros) e asfixia. Algumas foram desmaiando ao longo do percurso, acabando por morrer.
Os imigrantes tinham pago avultadas quantias de dinheiro por aquele transporte que, de acordo com alguns relatos, teria ventilação, o que não aconteceu. De acordo com os bombeiros locais, a temperatura no interior do camião terá atingido os 65 graus celsius.
O condutor, identificado como James M. Bradley Jr, 60 anos, foi acusado ao abrigo de uma lei federal norte-americana relativa ao transporte ilegal de imigrantes com fins lucrativos. Esta lei prevê a aplicação da pena de morte ou da prisão perpétua, caso o crime resulte em morte. O suspeito defende que não sabia que seguiam pessoas na carga e que foi surpreendido pelo barulho.
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