Tribunal turco aceita pedido de prisão perpétua para jornalistas
Um tribunal turco aceitou hoje uma acusação criminal que solicita prisão perpétua para 30 pessoas com ligações a um jornal considerado próximo do clérigo muçulmano que o Governo acusa de ter fomentado uma tentativa de golpe de Estado.
© Reuters
Mundo Perseguição
A agência noticiosa oficial Anadolu referiu que os suspeitos, incluindo antigos administradores e jornalistas do diário Zaman, são indicados por "integrarem uma organização terrorista armada" e por "tentativa de derrube" do Governo do país, do parlamento e da ordem constitucional.
O procurador pediu penas entre os sete anos e meio e dos dez anos, e ainda três penas de prisão perpétua consecutivas para cada detido.
O Zaman foi alvo de uma investigação por forças policiais em março de 2016 e posteriormente encerrado, por alegadamente se constituir como porta-voz do movimento fundado pelo clérigo Fethullah Gülen, exilado nos EUA desde 1999.
A decisão também abrangeu o Today's Zaman, a publicação em inglês do grupo.
Dos 30 suspeitos, 21 estão em prisão preventiva, incluindo o colunista de 73 anos Sahin Alpay, detido após a fracassada intentona militar de 15 de julho de 2016.
As primeiras audições estão agendadas para 18 de setembro.
As acusações seguem-se a uma purga em larga escala e julgamentos dirigidos a supostos apoiantes de Gülen, que já negou qualquer envolvimento no golpe.
Mais de 47.000 pessoas foram detidas e cerca de 100.000 funcionários públicos despedidos desde meados de julho de 2016.
No decurso de uma vasta operação desencadeada na quarta-feira em todas as 81 províncias da Turquia, 1.157 "imãs secretos" foram detidos sob a suspeita de "infiltrarem" apoiantes de Gülen nas forças policiais.
Entre os novos suspeitos, 27 foram detidos no sudeste da Turquia, a região com maioria de população curda e indiciados por "pertença a uma organização terrorista armada" e promoverem "células de recrutamento", segundo referiu hoje o gabinete do governador da região de Gaziantep.
O diário Hurriyet noticiou que os serviços de informações turcos se apoderaram de um 'microchip' numa anterior detenção e que continha uma lista com os nomes de 7.000 "imãs secretos" e outros seguidores de Gülen que trabalhavam em instituições estatais.
Na noite de quarta-feira a polícia anunciou a suspensão de 9.103 agentes dos serviços de segurança por toda a Turquia, que estão a ser investigados por supostas ligações e comunicações com a rede Gülen "que ameaçava a segurança nacional".
O Governo alemão criticou na quarta-feira esta nova vaga de prisões, enquanto a chanceler Angela Merkel considerava hoje no parlamento "que os acontecimentos das últimas semanas sem dúvida que prejudicaram fortemente as relações germano-turcas e entre a Europa e a Turquia".
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