Oposição mantém protestos apesar de diálogo arrancar no domingo
A oposição venezuelana mantém a sua agenda de protestos contra o Governo de Nicolás Maduro apesar do início do diálogo político, mediado pelo Vaticano, previsto para domingo.
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Mundo Venezuela
A aliança da oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD) confirmou a convocatória para uma greve nacional de 12 horas para hoje, com o objetivo de pressionar o Governo a "acatar a Constituição" e respeitar o "direito a eleger", referindo-se à suspensão do processo do referendo para destituir o Presidente, Nicolás Maduro.
"O apelo à greve é para o povo: para deixarem as ruas e os postos de trabalho vazios desde as seis da manhã até às seis da tarde. Esta não é uma greve patronal ou comercial, é uma greve de TODOS", expressou a MUD em comunicado.
"Venezuela, a 28 que ninguém saia de casa!", pediu a aliança.
No entanto, apesar do calendário dos protestos, que se mantêm até 03 de novembro com uma marcha até ao palácio presidencial de Miraflores, a MUD diz que se sentará à mesa de diálogo com a ala do Governo.
"[Tomámos] a decisão de ir no domingo manifestar ao representante do papa e aos representantes do Governo a necessidade de retomar urgentemente a agenda eleitoral para resolver esta crise", afirmou o secretário executivo da MUD, Jesús Torrealba.
O anúncio acontece um dia depois de Henrique Capriles, duas vezes candidato presidencial, ter assegurado que a oposição não participaria neste encontro na ilha de Margarita, anunciado na segunda-feira pelo enviado do papa Francisco, Emil Paul Tscherring.
Torrealba considera que com este diálogo pode chegar-se a um acordo político a aprovar no parlamento, "mediante uma emenda constitucional", com o objetivo de realizar eleições antecipadas para eleger o Presidente, governadores e autarcas.
Maduro disse que, "faça chuva ou faça sol", participará na reunião de domingo.
"Vamos continuar a trabalhar em todas as medidas necessárias para que o diálogo se instale, tenha êxito e a Venezuela derrote o golpe de Estado parlamentar que a direita golpista ativou com o apoio do Governo dos Estados Unidos. Vamos derrotá-los, com mais paz, diálogo, igualdade e justiça", afirmou.
Horas antes, o Presidente anunciou que o seu Governo vai fazer uma inspeção às empresas do setor agroindustrial e farmacêutico hoje e que as que adirirem à greve geral serão "recuperadas pela classe operária".
Na quarta-feira a oposição convocou manifestações para todo o país e na quinta-feira realizou um debate parlamentar sobre a responsabilidade do chefe de Estado na crise que o país enfrenta e numa 'rutura' da ordem constitucional, que diz ter acontecido com a suspensão do processo para o referendo.
A Assembleia Nacional, controlada pela oposição, recebeu várias pessoas que garantiram ser vítimas das operações de segurança do Governo e outras que disseram ser discriminadas na entrega de cabazes de alimentos subsidiados pelo Estado.
O presidente da assembleia, Henry Ramos Allup, disse que tinha enviado uma convocatória ao Presidente Maduro para comparecer no parlamento, depois de, na terça-feira, a câmara ter aprovado um processo para determinar a sua responsabilidade na "rutura da ordem constitucional".
A Venezuela, que tem as maiores reservas de petróleo do mundo, está em recessão económica devido à queda dos preços do petróleo, o que tem impedido a entrada e acelerado a saída de divisas, causando escassez de produtos básicos.
Nicolás Maduro diz que a crise económica resulta de uma conspiração capitalista, enquanto a oposição considera que se deve à sua má gestão económica.
Desde há meses que a oposição pede um referendo sobre a continuidade de Maduro no poder. Depois de avanços e recuos, com decisões judiciais controversas, na semana passada as autoridades travaram o processo de organização do referendo.
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