"Mães de Srebrenica" contestam eleição de presidente da câmara sérvio
A associação das "mães de Srebrenica", que representa os familiares dos muçulmanos bósnios mortos em julho de 1995, pediu hoje a anulação das municipais nesta cidade do leste da Bósnia ao acusar o candidato sérvio de fraudes para ganhar.
© Reuters
Mundo Sérvia
Apesar de ainda não ter sido anunciada oficialmente dez dias após o escrutínio, a vitória de Mladen Grujicic parece não oferecer dúvidas: com 64 por cento dos votos, garante 2.000 votos de avanço face ao presidente da câmara cessante, o muçulmano Camil Durakovic, indicam os resultados provisórios.
O sucesso de um sérvio, inédito desde 1999, suscitou a inquietação dos bosníacos (muçulmanos), 21 anos após cerca de 8.000 homens e rapazes em idade de combater terem sido mortos após a conquista da cidade pelas forças sérvias bósnios, na fase final da guerra civil (1992-1995).
Munira Subasic, presidente da associação das "mães de Srebrenica", assegura que a recusa em reconhecer a vitória de Mladen Grujicic não é motivada por ser um sérvio, invocando antes em declarações à agência noticiosa France-Presse "graves irregularidades".
"Nas listas de eleitores existem 500 pessoas que já morreram e 2.500 que vivem na Sérvia e vieram votar em Srebrenica", assegurou Subasic, que perdeu familiares próximos no massacre, definido como genocídio pela justiça internacional.
Definiu ainda Mladen Grujicic como um "negacionista", após o candidato sérvio de ter recusado a utilizar o termo "genocídio", apesar de reconhecer que foi cometido um massacre.
"O facto de ser sérvio não é importante. O problema é que os seus ídolos sejam Radovan Karadzic e Vojislav Seselj", disse, numa referência aos dois ex-líderes ultranacionalistas sérvios, o primeiro condenado a 40 anos de prisão pelo Tribunal penal para a ex-Jugoslávia (TPIJ) e o segundo libertado por motivos de saúde e que apoiou a candidatura de Grujicic.
Ainda em declarações à France-Presse, Milorad Dodik, líder da Republika Srpska (RS, a entidade sérvia da Bósnia, que inclui Srebrenica), questionou as reações dos representantes bosníacos.
"Quando se tornou evidente que o candidato sérvio ia vencer, elevaram-se vozes em Sarajevo para dizer que um sérvio não pode ser o presidente da câmara de Srebrenica. É uma declaração fascista", disse.
"Se tivesse declarado que um muçulmano não poderia ser o presidente da câmara de Srebrenica (...) penso que estaria iminente uma intervenção da NATO", ironizou.
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