Decretos anti-burquíni favorecem "estigmatização" dos muçulmanos
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos saudou hoje a decisão da justiça francesa para acabar com a proibição do burquíni, considerando que as interdições em relação ao fato de banho islâmico alimentam a "estigmatização" dos muçulmanos.
© Wikimedia Commons
Mundo ONU
"Estes decretos não melhoram a situação da segurança, tendem ao contrário a alimentar a intolerância religiosa e a estigmatização dos muçulmanos em França, em particular das mulheres", indicou o gabinete do Alto-comissário num comunicado.
"Os códigos de vestuário, como os decretos anti-burquíni, afetam desproporcionadamente as mulheres e as raparigas e minam a sua autonomia ao negarem a sua capacidade de tomarem decisões independentes sobre a maneira de se vestirem", adiantou.
De acordo com as normas internacionais de direitos humanos, os limites à liberdade da cada pessoa manifestar a religião ou crença, incluindo a escolha do vestuário, "apenas são permitidos em circunstâncias muito restritas, incluindo para proteção da segurança pública, ordem pública, saúde ou moral públicas", nota a agência da ONU.
Assinala ainda que, tendo em conta o direito internacional dos direitos humanos, as medidas adotadas em nome da ordem pública devem ser apropriadas, necessárias e proporcionais.
Cerca de três dezenas de cidades do litoral, nomeadamente na Riviera francesa, proibiram este verão o uso do burquíni, o que alguns consideram uma provocação após o atentado islamita de 14 de julho em Nice, que causou 86 mortos.
Na sexta-feira, a mais alta jurisdição administrativa francesa, o Conselho de Estado, suspendeu um daqueles decretos municipais e advertiu os presidentes de câmara que qualquer proibição do burquíni deve ter por base "riscos comprovados" para a ordem pública.
Descarregue a nossa App gratuita.
Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.
* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com