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Temer cumpre 100 dias no poder entre protestos, polémicas e concessões

O Presidente interino do Brasil, Michel Temer, cumpre no sábado 100 dias de governação, entre protestos, polémicas com ministros envolvidos em problemas com a justiça e múltiplas concessões para tentar agradar a todos.

Temer cumpre 100 dias no poder entre protestos, polémicas e concessões
Notícias ao Minuto

08:55 - 18/08/16 por Lusa

Mundo Brasil

Com um governo aprovado por 14% da população, o Presidente em exercício tem sido alvo de protestos desde que assumiu interinamente o poder, a 12 de maio, na sequência da aprovação do pedido de destituição da Presidente Dilma Rousseff, acusada de irregularidades orçamentais.

Visto como traidor e "golpista" por Dilma Rousseff, num processo que dividiu a população e gerou até comentários de líderes mundiais, Michel Temer nem escapou às vaias ao anunciar a abertura dos Jogos Olímpicos 2016, na cerimónia de 05 de agosto, no Rio de Janeiro, transmitida para todo o mundo.

As denúncias de corrupção que assombraram o Partido dos Trabalhadores (PT), de Dilma Rousseff e de Lula da Silva, chegaram também ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e ao governo de Michel Temer, num país onde os habitantes vêem a corrupção como o maior problema da nação.

Em pouco mais de um mês, o Executivo perdeu três ministros em casos relacionados coma a Operação Lava Jato - que investiga o maior esquema de corrupção do país, envolvendo dezenas de políticos, incluindo Lula da Silva - que Michel Temer fez questão de não tentar manter.

O chefe de Estado em exercício não foi acusado na Lava Jato, mas já foi indicado em depoimentos como requerente de subornos.

Ao dar posse aos ministros, Michel Temer entrou como se fosse um Presidente efetivo e defendeu um "governo de salvação nacional", para "tirar o país da grave crise".

Neste sentido, tem tentado responder a todas as demandas, desde logo, recuando na decisão de extinguir o Ministério da Cultura e contornando a falta de mulheres no seu executivo, nomeando três para cargos importantes no país.

Apesar das medidas mais impopulares que se preveem para depois do esperado afastamento definitivo de Dilma Rousseff no final do mês, este governo, empenhado no ajuste fiscal, recusou extinguir programas sociais de apoio aos mais necessitados, lançados na era PT, como o Bolsa Família.

O governo também voltou atrás na decisão de travar a construção de 11.250 casas do programa Minha Casa, Minha Vida, decidida logo após a tomada de posse para analisar a modalidade de financiamento e que motivou protestos.

Tendo chegado ao poder com uma articulação política no disperso tabuleiro político no Congresso de opositores a Dilma Rousseff, Michel Temer tem sido, acima de tudo, um negociador, que já recebeu mais parlamentares em três meses do que a sua antecessora num mandato e meio, segundo contabilidade do jornal Valor Económico.

Deste modo, foi possível aprovar medidas económicas liberais que o Executivo de Dilma Rousseff não conseguiu fazer passar no Congresso.

Porém, se inicialmente contou, por exemplo, com o apoio do Congresso para fixar a meta fiscal do défice em 170,5 mil milhões de reais (46,9 mil milhões de euros) este ano, já este mês, o Executivo teve de ceder na proposta de congelar os salários dos funcionários públicos, numa altura em que o Brasil enfrenta uma recessão profunda.

Contando com o apoio dos empresários desde o início devido à impopularidade de Dilma Rousseff e com alguns indicadores a mostrarem um aumento de confiança no país devido às medidas tomadas, Michel Temer tem simultaneamente tentado agradar a parlamentares e sindicalistas, o que gera algumas incertezas.

Diante da pior recessão desde 1901, quando o Produto Interno Bruto (PIB) começou a ser calculado, e com uma dívida que supera 70% do PIB, o ministro da Fazenda (Finanças), Henrique Meirelles, avisou logo que seria necessária "uma redução de despesas muito importante", com cortes diversos.

A 07 de julho, o governante admitiu outorgas, privatizações de empresas e "concessões, seja na área de petróleo, sejam aeroportos, sejam em áreas diversas", remetendo para o final deste mês, altura em que será definido o orçamento do Estado do próximo ano, uma decisão sobre "aumentos pontuais de impostos".

Na cena internacional, o ministro das Relações Exteriores, José Serra, informou que a diplomacia brasileira iria deixar de funcionar por "preferências ideológicas", mas continuou a linha do governo anterior de encarar a China como uma prioridade.

Distanciando-se dos aliados do país na América Latina durante a era PT, Brasília tem inclusive travado uma "guerra" contra o facto de a Venezuela, do Presidente Nicolas Maduro, ter assumido a presidência rotativa do Mercado Comum do Sul (Mercosul), como lhe corresponde.

Ao lado do Paraguai e da Argentina, o Brasil sustenta que a Venezuela ainda não cumpriu todos os pré-requisitos para a integração no bloco.

José Serra foi mesmo acusado pela diplomacia uruguaia de tentar "comprar o voto" do Uruguai contra a presidência de Caracas.

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