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"Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes. Jamais desistirei"

"Esta farsa jurídica deve-se ao facto de nunca ter aceitado chantagens de qualquer natureza", salientou Dilma Rousseff.

"Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes. Jamais desistirei"
Notícias ao Minuto

16:24 - 12/05/16 por Zahra Jivá

Mundo Dilma Rousseff

Dilma Rousseff, a presidente do Brasil com mandato suspenso depois de hoje ter sido afastada temporariamente do cargo pelo Senado, assegurou que esta "farsa jurídica" é uma verdadeira injustiça.

"Não cometi crime de responsabilidade, não há razão para um processo de impeachment, não tenho contas no exterior, nunca recebi propinas, jamais compactuei com a corrupção. Este processo é frágil, juridicamente inconsistente, um processo injusto, desencadeado contra uma pessoa honesta e inocente", declarou.

O Senado aprovou esta quinta-feira a instauração do processo de destituição de Dilma Rousseff, com 55 votos a favor e 22 contra. "É a maior das brutalidades que pode ser cometida contra qualquer ser humano, puni-lo por um crime que não cometeu", afirmou.

Para Dilma, "não existe injustiça mais devastadora do que condenar o inocente. A injustiça cometida é um mal irreparável. Esta farsa jurídica de que estou a ser alvo deve-se ao facto de que como Presidenta nunca aceitei chantagem de qualquer natureza".

"Posso ter cometido erros, mas não cometi crimes. Estou a ser julgada injustamente por ter feito tudo o que a lei me autorizava a fazer. Foram atos legais, corretos, necessários, de governo, atos idênticos foram executados pelos presidentes que me antecederam. Não era crime na época deles e também não é agora", frisou.

A Presidente garantiu ainda que estão a tratar este caso como "crime" quando na realidade é "um ato corriqueiro de gestão". "Jamais numa democracia o mandato legítimo de um presidente eleito poderá ser interrompido por causa de atos legítimos de gestão orçamental", acrescentou.

"Queria dirigir-me a toda a população, dizendo que o golpe não visa apenas destituir-me, ao destituir o meu governo querem na verdade impedir a execução do programa que foi escolhido pelos votos maioritários. O golpe ameaça levar de roldão [levar à frente] não só a democracia mas também as conquistas que a população alcançou nas últimas décadas", referiu.

Dilma explicou ainda que o seu governo "não cometeu nenhum ato repressivo contra movimentos sociais, contra movimentos reivindicativos, contra manifestantes de qualquer posição política".

"O risco, o maior para o país neste momento, é ser dirigido por um governo que não teve votos, que não foi eleito pelo voto direto, que não terá a legitimidade para propor e implementar soluções para os desafios do Brasil", considerou.

Este é "um governo que pode se ver tentado a reprimir os que protestam contra ele. Um governo que nasce de um golpe, de um impeachment fraudulento, nasce de uma espécie de eleição indireta".

"Quero dizer a todos que tenho orgulho de ser a primeira mulher eleita Presidente do Brasil. Nestes anos exerci o meu mandato de forma digna e honesta. Em nome de todo o povo vou lutar com todos os instrumentos legais para exercer o meu mandato até ao fim, até ao dia 31 de dezembro de 2018", determinou.

Nesta senda, Dilma Rousseff indicou ainda que o seu destino sempre foi o de muitos desafios. "Muitos desafios, muitos e grandes, alguns pareceram-me intransponíveis mas consegui vencê-los. Eu já sofri a dor da tortura, da doença e agora sofro, mais uma vez, a dor igualmente inominável da injustiça".

"Confesso que nunca imaginei que seria necessário lutar de novo por um golpe no meu país. A população saberá dizer não ao golpe, o nosso povo é sábio. A luta contra o golpe é longa, é uma luta que nós vamos vencer. Jamais vou desistir de lutar", rematou.

Recorde-se que Michel Temer é, desde hoje, Presidente interino do Brasil depois de Dilma Rousseff ser afastada temporariamente por um prazo máximo de 180 dias, por suspeitas de irregularidades orçamentais, com despesas não autorizadas.

Durante este período, o Senado irá julgar Dilma Rousseff num processo presidido por um juiz do Supremo Tribunal de Justiça. A chefe de Estado só será afastada definitivamente se for condenada por uma maioria de dois terços dos eleitos naquele órgão.

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