Meteorologia

  • 11 MAIO 2024
Tempo
15º
MIN 15º MÁX 23º

Economia e direitos humanos marcam encontro entre Kerry e Hun Sen

O secretário de Estado norte-americano, que visita o Camboja, insistiu hoje na necessidade de proteger a democracia e os direitos humanos, ao mesmo tempo que saudou o dinamismo económico deste país asiático.

Economia e direitos humanos marcam encontro entre Kerry e Hun Sen
Notícias ao Minuto

13:16 - 26/01/16 por Lusa

Mundo Camboja

John Kerry saudou "os progressos notáveis" do Camboja desde o final da década de 1970, altura em que o regime genocida dos Khmers vermelhos foi derrubado, nomeadamente em termos económicos e de desenvolvimento.

Mas depois de "discussões francas" com o primeiro-ministro cambojano, Hun Sen, no poder desde 1985, Kerry afirmou também esperar que o país "compreenda as vantagens de uma democracia multipartidária florescente".

Numa clara alusão à repressão da oposição, cujo líder Sam Rainsy foi, mais uma vez, obrigado a exilar-se para evitar ser detido, Kerry lembrou que os eleitos devem poder trabalhar sem "medo de serem atacados ou detidos".

Antes das eleições de 2018, "é importante criar um debate político enérgico mas pacífico", acrescentou.

Depois de um período de apaziguamento, as relações entre Hun Sen, de 63 anos, e os opositores políticos voltaram a conhecer, nos últimos meses, novas tensões.

Recentemente foram detidos dois homens, um por ter predito a morte de Hun Sen e outro por ter apelado, na rede social Facebook, para a realização de uma revolução.

O estabelecimento de relações mais estreitas entre o Camboja e os Estados Unidos é possível com o "respeito pelos direitos humanos, das liberdades universais e uma boa governação", acrescentou John Kerry, que também se reuniu com Kem Sokha, líder interino da oposição e dos representantes da sociedade civil.

Estes últimos pediram aos Estados Unidos para acentuar a pressão sobre Hun Sen, que acusam de práticas autoritárias contra opositores, dissidentes ou sindicalistas.

A 15 e 16 de fevereiro, o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, organiza uma cimeira com os dirigentes dos dez Estados-membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Na ocasião, poderá ser assinado um "tratado bilateral de investimento" entre o Camboja e os Estados Unidos, de acordo com John Kerry.

No plano económico, o Camboja, onde três milhões de pessoas vivem abaixo do limiar de pobreza, é um dos motores da região.

O Banco Mundial considerou que o país pode crescer mais de 7% este ano, nomeadamente devido às exportações têxteis, que fornecem grandes marcas como a "Nike" ou a "Gap".

Do ponto de vista estratégico, os Estados Unidos procuram apoiar-se numa ASEAN unida para poder contrabalançar o peso de Pequim na Ásia-Pacífico, a região prioritária para a diplomacia de Obama.

Washington luta pela unidade do Sudeste Asiático, onde alguns Estados têm graves contenciosos territoriais com Pequim no mar do Sul da China. Phnom Penh, como Vientiane (Laos), são vistos como os Estados-membros da ASEAN mais próximos da China.

John Kerry e Hun Sen, que se conhecem há anos, sublinharam a sua cooperação "muito importante" na constituição do tribunal que está a julgar antigos dirigentes dos Khmers Vermelhos ainda vivos. Kerry considerou que este tribunal, criado após anos de esforços internacionais, "é motivo de orgulho".

O ideólogo do regime Khmer Vermelho, Nuon Chea, de 89 anos, e o chefe de Estado do antigo Kampuchea Democrático, Khieu Samphan, de 84, estão a ser julgados desde 2011 pela responsabilidade nas atrocidades cometidas entre 1975 e 1979, em nome de uma utopia marxista que pretendia eliminar da sociedade o dinheiro e a religião.

Já condenados a prisão perpétua no primeiro processo, estão agora a ser julgados, desde 2014, pelo genocídio de vietnamitas e da minoria muçulmana 'cham'.

Recomendados para si

;
Campo obrigatório