"O Islão nunca fez parte da Europa, veio até nós", disse o chefe do governo húngaro, que tem assumido uma posição dura contra a atual vaga de refugiados na Europa, a grande maioria muçulmanos.
Na entrevista à revista alemã, que será publicada na íntegra no sábado, Viktor Orban chegou a admitir que os milhares de imigrantes turcos, maioritariamente muçulmanos, que chegaram à Alemanha nas décadas de 1960 e 1970 e que contribuíram com a sua mão-de-obra para a economia alemã "pertencem à história da Alemanha e, portanto, da Europa".
"Mas espiritualmente, o Islão não pertence à Europa. É um conjunto de regras de um outro mundo", reforçou o primeiro-ministro húngaro, que também criticou as autoridades de Paris e de Berlim por não admitirem que um país expresse as suas dúvidas perante a ideia de uma sociedade multicultural.
"Na Hungria decidimos o que queremos e o que não queremos. Não queremos isso", indicou Orban.
Mais de 710 mil migrantes entraram na União Europeia (UE) nos primeiros nove meses deste ano, contra um total de 282 mil em todo o ano transato, segundo os dados mais recentes da Frontex, a agência europeia de gestão de fronteiras.
Ainda ao título alemão, Orban afirmou que a maioria dos requerentes de asilo que chegam ao espaço europeu são realmente migrantes económicos.
"Nem todas as pessoas têm direito a uma vida na Alemanha ou a uma vida na Hungria. Isso é apenas para aqueles que trabalharam para esse fim", frisou.
Perante uma vaga migratória sem precedentes, Budapeste concluiu em setembro uma vedação de arame farpado ao longo dos 175 quilómetros da fronteira com a Sérvia, de forma a impedir a entrada dos refugiados e migrantes.
Na quinta-feira, a Hungria anunciou ter concluído uma outra vedação ao longo da fronteira com a Croácia.
A par da construção de vedações, Budapeste aprovou uma legislação anti-migração que prevê, entre outras medidas, penas de prisão para quem tentar ultrapassar as barreiras de arame farpado.
A posição anti-migração assumida pelo governo liderado Viktor Orban tem sido duramente criticada por vários países e organizações, incluindo as Nações Unidas.