Esta semana 'fechou' com a entrega do Prémio Nobel da Paz, que este ano foi atribuído a María Corina Machado, pelo "seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e por sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia".
As reações à atribuição deste galardão foram diversas, e, entre os parabéns e reconhecimento, houve também espaço para trazer Donald Trump à liça.
Note-se que o presidente dos Estados Unidos fez 'campanha' durante muitos meses, defendendo que merecia esta distinção - e argumentando que já acabou com vários conflitos.
Da Casa Branca à Rússia: As reações
Após ser conhecida a atribuição, a Casa Branca emitiu um comunicado no qual criticou a escolha de María Corina Machado. "O presidente Trump continuará a fazer acordos de paz, a acabar com guerras e a salvar vidas", começaram por escrever os responsáveis da Casa Branca, numa nota publicada na rede social X.
President Trump will continue making peace deals, ending wars, and saving lives.
— Steven Cheung (@StevenCheung47) October 10, 2025
He has the heart of a humanitarian, and there will never be anyone like him who can move mountains with the sheer force of his will.
The Nobel Committee proved they place politics over peace. https://t.co/dwCEWjE0GE
Na mesma nota, é apontando que Trump tem "um coração humanitário" e que "nunca haverá ninguém como ele, capaz de mover montanhas com a força de vontade".
"O Comité do Nobel provou que colocam a política à frente da paz", considera a Casa Branca.
Entre outras reações, houve dois líderes que se 'destacaram', saltando em defesa de Trump: Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, lamentou que Trump não tenha recebido o Prémio Nobel da Paz, considerando: "O Comité Nobel fala sobre a paz. O presidente Donald Trump torna-a realidade. Os factos falam por si. O presidente Trump merece-o", escreveu Netanyahu, numa nota divulgada pelo gabinete na rede social X.
Note-se que Trump está em vias de viajar até ao Médio Oriente, onde esta semana foi fechado um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O acordo entrou esta sexta-feira em vigor, depois de dois anos de conflito - o acordo inclui o recuo das tropas israelitas e a troca dos reféns em posse dos islamitas do Hamas por prisioneiros palestinianos.
The Nobel Committee talks about peace. President @realDonaldTrump makes it happen.
— Prime Minister of Israel (@IsraeliPM) October 10, 2025
The facts speak for themselves. President #Trump deserves it.#PeaceThroughStrength https://t.co/hnvyfy2TaN
Já o presidente da Rússia, Vladimir Putin, também defendeu o homólogo norte-americano, apontando que este "está a fazer muito para resolver crises" e elogiando o papel na mediação de conflitos.
"Não sou eu quem decide se o atual Presidente dos Estados Unidos merece ou não o Prémio Nobel, mas Trump está realmente a fazer muito para resolver crises que duram há décadas", disse Vladimir Putin, em conferência de imprensa em Duchambé, capital do Tajiquistão.
O líder russo admitiu que o homólogo norte-americano "se esforça e trabalha em questões de paz e de resolução de situações internacionais complexas", apontando o Médio Oriente como "o exemplo mais claro".
Já o secretário-geral da ONU, António Guterres, felicitou a opositora venezuelana María Corina Machado pelo Prémio Nobel da Paz e defendeu que a atribuição evidencia a resiliência e o poder do espírito democrático.
"Numa altura em que a democracia e o Estado de direito estão globalmente ameaçados, o prémio de hoje é uma homenagem a todos aqueles que trabalham para salvaguardar os direitos civis e políticos em todo o mundo", frisou Guterres, destacando tratar-se de "uma chamada de atenção comovente da resiliência e do poder do espírito democrático".
E como reagiu Portugal?
Foram vários os responsáveis que reagiram à atribuição deste prémio a Corina Machado, que é uma das principais vozes da oposição democrática ao regime de Nicolás Maduro, tendo sido candidata favorita à vitória nas eleições presidenciais de julho de 2024. Corina Machado foi impedida de concorrer quando o Supremo Tribunal de Justiça, alinhado com o governo de Maduro, a proibiu de ocupar cargos públicos durante 15 anos.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, saudou a atribuição do Prémio Nobel da Paz à opositora venezuelana María Corina Machado, considerando que esta tinha sido uma decisão "muito sábia".
"Não queria deixar de saudar vivamente a premiada, porque é uma lutadora pela democracia e pela liberdade há muito tempo [...], é uma mulher, uma presença constante de luta, e luta em condições muito, muito difíceis", começou por dizer o chefe de Estado, em Tallin, à saída de uma reunião do Grupo de Arraiolos.
Quanto às críticas deixadas pela Casa Branca em relação a esta atribuição, Marcelo estranhou ainda a acusação feita pela Casa Branca de que o comité tinha "colocado a política à frente da paz". "Eu nem percebo essa declaração que é atribuída [à Casa Branca], porque não faz muito sentido. Porque a administração norte-americana recentemente tem tomado posições em relação ao que se passa na Venezuela invocando que quer contribuir para a paz, para a democracia e para a liberdade naquele Estado", observou.
Já o Partido Comunista Português também teceu críticas à Casa Branca, mas nãos em atingir Corina Machado - isto porque o secretário-geral comunista, Paulo Raimundo, criticou a atribuição do prémio a Corina Machado, dizendo que "não deram o Nobel a Trump, deram a uma 'trumpista'".
Questionado sobre as razões para a crítica a María Corina Machado, opositora ao regime venezuelano de Nicolás Maduro, Paulo Raimundo disse não querer dizer mais nada, "porque é tão evidente que o prémio foi entregue a uma 'trumpista'", porque atribuí-lo a Trump seria "demasiado escandaloso".
Já o chefe da diplomacia portuguesa, Paulo Rangel, considerou que a líder da oposição venezuelana é uma "justíssima merecedora" deste prémio, apontando-a como exemplo.
O ministro português destacou "os esforços" de María Corina "para que haja uma reconciliação do povo venezuelano e todos os povos que aspiram à democracia com uma agenda por eleições livres, pluralismo mediático e direitos humanos".
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