"Eu não queria deixar de saudar vivamente a premiada, porque é uma lutadora pela democracia e pela liberdade há muito tempo [...], é uma mulher, uma presença constante de luta, e luta em condições muito, muito difíceis", começou por dizer o chefe de Estado, em Tallin, à saída de uma reunião do Grupo de Arraiolos.
"Estou muito feliz, envio as minhas felicitações e, ao mesmo tempo, saúdo aquilo que é uma decisão muito sábia, muito atenta, e não impressionável nem sensibilizável, como foi a do comité que atribuiu o Prémio Nobel da Paz", prosseguiu.
Marcelo Rebelo de Sousa admitiu então estranhar a reação de Washington, que criticou hoje a atribuição do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado, defendendo que deveria ter ido para o Presidente norte-americano, Donald Trump, e sustentando que a decisão do comité norueguês "colocou a política à frente da paz".
"Eu nem percebo essa declaração que é atribuída [à Casa Branca), porque não faz muito sentido. Porque a administração norte-americana recentemente tem tomado posições em relação ao que se passa na Venezuela invocando que quer contribuir para a paz, para a democracia e para a liberdade naquele Estado", observou.
O Presidente da República sublinhou que "há formas diferentes de contribuir" para a paz, e "uma forma é a de reconhecer aqueles que, em condições muito difíceis, têm tentado estabelecer um espaço de afirmação política no seu próprio país".
"É uma maneira de lutar pela paz. A política também é um meio de lutar pela paz", reforçou, considerando que "todos devem estar felizes" com esta atribuição do galardão e observando que, "enfim, cada qual reage de acordo com a sua visão do mundo".
Saudando a atribuição do Nobel da Paz a Corina Machado, Marcelo também frisou que "pertence ao mundo ibero-americano", sendo que Portugal acompanha "de forma muito intensa essa realidade", até porque há "uma comunidade portuguesa muito, muito forte" no país, "a comunidade estrangeira mais forte na Venezuela".
Sobre o apelo da galardoada para que Portugal prestasse maior apoio à oposição venezuelana, Marcelo notou que "o Estado português tem, ao longo do tempo, mantido contactos com todos os setores políticos venezuelanos, e quer o ministro dos Negócios Estrangeiros, quer o secretário de Estado da Comunidades, em sucessivos governos - eu recordo - têm tido contactos, quer com o Governo [...] porque é importante para quem quer manter relações diplomáticas, mas igualmente com a oposição", disse.
O Prémio Nobel da Paz 2025 foi atribuído à opositora venezuelana María Corina Machado, ex-deputada da Assembleia Nacional da Venezuela entre 2011 e 2014, anunciou hoje o Comité Nobel norueguês.
A líder da oposição foi premiada "pelo seu trabalho incansável na promoção dos direitos democráticos do povo da Venezuela e pela sua luta para alcançar uma transição justa e pacífica da ditadura para a democracia", explicou a organização do Nobel.
"Enquanto líder do movimento pela democracia na Venezuela, María Corina Machado é um dos exemplos mais extraordinários de coragem civil na América Latina nos últimos tempos", sublinhou o Comité.
[Notícia atualizada às 15h09]
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