Amnistia acusa Israel de crime de guerra ao atacar prisão iraniana de Evin

A organização Amnistia Internacional acusou hoje Israel de ter cometido um crime de guerra com "ataques aéreos deliberados" à prisão de Evin, em Teerão, a 23 de junho, e pediu uma investigação criminal ao caso.

Evin, ataque

© MOSTAFA ROUDAKI/mizanonline/AFP via Getty Images

Lusa
22/07/2025 06:40 ‧ há 3 dias por Lusa

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Segundo adiantou a Amnistia Internacional em comunicado hoje divulgado, a organização fez uma investigação aprofundada, juntando imagens de vídeo verificadas, imagens de satélite e entrevistas com testemunhas oculares, familiares de prisioneiros e defensores dos direitos humanos.

 

Os indícios recolhidos indicam que "as forças armadas israelitas realizaram vários ataques aéreos contra a prisão de Evin, matando e ferindo dezenas de civis e causando danos e destruição extensos em pelo menos seis locais do complexo prisional", refere.

A organização lembra que o ataque aconteceu num dia útil, quando a prisão estava cheia de civis - já que o ataque aconteceu à hora das visitas -, e que responsáveis israelitas "gabaram-se disso" nas redes sociais.

De acordo com as autoridades iranianas, pelo menos 80 civis -- 79 adultos e um menino de cinco anos -- foram mortos.

A Amnistia considera que o ato foi deliberado e que Israel não tinha qualquer prova credível que Evin constituísse um alvo militar legítimo, pelo que, tal como o direito internacional humanitário define todas as prisões, se tratava de um alvo civil.

"Realizar tais ataques de forma consciente e deliberada constitui um crime de guerra", acusou a diretora sénior de Investigação, Advocacia, Política e Campanhas, Erika Guevara Rosas da organização.

A Amnistia Internacional adianta ainda que enviou perguntas sobre o ataque ao ministro da Defesa israelita a 03 de julho, mas, até ao momento, não recebeu resposta.

De acordo com dados avançados pela organização humanitária, a prisão de Evin, vista como um símbolo da repressão do regime iraniano, mantinha entre 1.500 e 2.000 prisioneiros no momento do ataque, incluindo defensores dos direitos humanos, manifestantes, dissidentes políticos, membros de minorias religiosas perseguidas, cidadãos com dupla nacionalidade e estrangeiros detidos para fins de influência diplomática.

"As autoridades judiciais de todo o mundo devem garantir que todos os responsáveis por este ataque mortal sejam levados à justiça, incluindo através do princípio da jurisdição universal", defende a Amnistia, para a qual as autoridades iranianas também devem conceder ao Tribunal Penal Internacional jurisdição sobre todos os crimes do Estatuto de Roma [genocídio, contra a humanidade, de guerra e de agressão] cometidos a partir do seu território", defendeu Erika Guevara Rosas.

Israel lançou a 13 de junho, uma ofensiva contra o Irão, argumentando que o avanço do programa nuclear iraniano e o fabrico de mísseis balísticos por Teerão representavam uma ameaça direta à sua segurança.

Os ataques tiveram como alvo sobretudo infraestruturas estratégicas, incluindo sistemas de defesa aérea e as instalações de desenvolvimento do programa nuclear, tendo eliminado comandantes da Guarda Revolucionária, chefes dos serviços secretos e cientistas ligados ao programa nuclear iraniano.

Entretanto, o conflito assumiu uma nova dimensão com a entrada na guerra dos Estados Unidos, que bombardeou as três principais centrais nucleares.

Durante a escalada das hostilidades entre Israel e o Irão, pelo menos 1.100 pessoas foram mortas no Irão, segundo dados da Fundação para os Mártires e Veteranos do Irão citados pela Amnistia Internacional. Pelo menos 29 pessoas foram mortas em Israel, de acordo com o Ministério da Saúde israelita.

Leia Também: Irão anuncia 71 mortos no ataque israelita à prisão de Evin

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