"Renovamos aqui o compromisso de alcançar cerca de seis milhões de crianças menores de um ano vacinadas, numa média anual de 1,2 milhões ao longo dos próximos cinco anos", declarou o ministro da Saúde de Moçambique, Ussene Isse, no encerramento do Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil - 2025, que arrancou na terça-feira, em Maputo.
A vacinação em larga escala para os próximos cinco anos, assumida pelo executivo moçambicano, visa travar a morte de crianças menores de um ano e baixar os índices até 2030, quando se pretende alcançar menos de 25 mortos em menores de cinco anos em cada mil nados vivos, de acordo com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
"Devemos agir hoje pela sobrevivência das nossas crianças. Portanto, a promoção da saúde e bem-estar da criança não é uma opção. É, sim, um imperativo para as nossas sociedades", disse o ministro da Saúde, ao encerrar o fórum.
Na terça-feira, ao dirigir a abertura do fórum, o Presidente moçambicano manifestou preocupação com a desaceleração da redução da mortalidade infantil na África subsaariana, elogiando "progressos assinaláveis" na diminuição das taxas a nível mundial.
"Preocupa-nos o facto de que África ainda carrega o maior número de mortes de crianças com idade inferior a cinco anos a nível mundial. Particularmente na África Subsaariana, continuamos preocupados com a desaceleração da redução da mortalidade infantil que se regista nos últimos anos", disse Daniel Chapo.
Pelo menos 60 em cada mil crianças menores de cinco anos morrem por ano devido a várias doenças em Moçambique, que incluem malária, diarreias, pneumonia e fatores obstétricos.
As estatísticas mundiais apontam atualmente quase cinco milhões de mortos, avançou, segunda-feira, o Instituto Nacional de Saúde (INS) de Moçambique.
"Não estamos satisfeitos com 60 mortes de crianças por mil nados vivos, o setor da saúde não está satisfeito e várias ações ainda estão a ser implementadas com vista a assegurar que Moçambique alcance a meta 3.2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)", que visa reduzir a mortalidade infantil no mundo, até 2030, para 25 menores mortos por mil nados vivos, avançou, na segunda-feira, o diretor-geral do INS, Eduardo Samo Gudo.
Mais de 300 delegados de 29 países, incluindo ministros e vice-ministros da saúde, cientistas e académicos e organizações da sociedade civil, participaram em Maputo do Fórum Global de Inovação e Ação para Imunização e Sobrevivência Infantil - 2025.
O encontro foi organizado pelos Ministérios de Saúde de Moçambique e da Serra Leoa e pelo Governo da Espanha com a colaboração das fundações "la Caixa" e Bill and Melinda Gates e da Unicef.
O fórum discutiu soluções científicas para que o mundo se possa reposicionar no aceleramento do combate à mortalidade infantil, incluindo a exigência de um novo compromisso político nesta causa.
Samo Gudo, diretor-geral do Instituto Nacional de Saúde de Moçambique, assinalou uma "redução histórica e sem precedentes" da mortalidade infantil nas últimas décadas no mundo, destacando que, entre 1990 e 2023, o número de mortes de crianças menores de cinco anos baixou de cerca de 12,8 milhões por ano para 4,8 milhões.
Não obstante esses avanços, organizações de saúde mundiais registaram um abrandamento, desde 2015, do ritmo de redução da mortalidade na faixa etária em referência, assinalando o risco de pelo menos 60 países africanos não alcançarem a meta dos ODS, conforme estimativas da Organização Mundial da Saúde avançadas pelo mesmo responsável.
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