Parceiros de coligação avisam Sánchez que "governar não é resistir"

Os partidos que viabilizaram o Governo de Espanha avisaram hoje o primeiro-ministro socialista, Pedro Sánchez, de que está "no prolongamento" e que "governar não é resistir", pedindo-lhe mais explicações e medidas face às suspeitas de corrupção no PSOE.

Plenary session at the Congress of Deputies in Madrid

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Lusa
09/07/2025 13:18 ‧ há 5 horas por Lusa

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Espanha

"Governar não é resistir", disse a ministra Yolanda Díaz, que falava no parlamento espanhol como dirigente do Somar, uma formação de esquerda que está na coligação de Governo.

 

Poucos momentos antes, Sánchez tinha anunciado aos deputados um plano de luta contra a corrupção com 15 medidas, elaborado em conjunto com a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), para responder às suspeitas de corrupção que envolvem ex-dirigentes do Partido Socialista (PSOE), incluindo um antigo ministro, e para, como disse o próprio, tentar "recuperar a confiança" das forças da geringonça que viabilizaram o atual executivo, em novembro de 2023.

Sánchez rejeitou de novo demitir-se e assegurou que é "um político limpo", limitando a alegada corrupção a comportamentos individuais de dirigentes socialistas, que desconhecia, não estando em causa o financiamento ilegal do PSOE.

Yolanda Díaz afirmou que considera que Sánchez "é honrado" e congratulou-se com as medidas do plano anunciado pelo primeiro-ministro, mas considerou que é necessário mais para levar a legislatura até ao final (2027), recuperar a confiança dos espanhóis e evitar o regresso da direita ao poder.

A ministra, que ouviu gritos de "cúmplice" das bancadas da direita, considerou que a sociedade espanhola está "angustiada com a corrupção", uma "tragédia nacional", e pediu também a Sánchez "uma mudança social" no Governo, com medidas acordadas com o Somar no pacto de coligação que continuam por se concretizar e que passam pela habitação ou direitos laborais, entre outras.

Outros partidos da geringonça parlamentar - que integra oito forças políticas - pediram também a Sánchez que cumpra com os compromissos que assumiu nos acordos para a viabilização do Governo para manterem o apoio ao executivo, assim como mais explicações e medidas relacionadas com a corrupção.

Os mesmos partidos avisaram o primeiro-ministro de que não basta resistir e acenar com a ameaça da direita e da extrema-direita no poder para manter a legislatura, considerando que sem mais medidas e explicações Sánchez poderá nem sequer travar os extremistas e acabar mesmo por os beneficiar quando houver eleições.

"O senhor já estava no prolongamento e o prolongamento não dura toda a legislatura", disse a deputada Miriam Nogueras, dos independentistas catalães Juntos pela Catalunha (JxCat), dirigindo-se a Sánchez.

A deputada do partido do ex-presidente regional Carles Puigemont sublinhou que o JxCat não está no parlamento nacional para "dar estabilidade a um governo espanhol, mas para defender a Catalunha" e avisou Sánchez de que os sete deputados da formação não estão dispostos a "manter uma farsa".

"A nossa confiança vai a caminho dos cuidados intensivos", disse, por sua vez, a deputada Maribel Vaquero, do Partido Nacionalista Basco (PNV), que prometeu analisar com atenção o plano anticorrupção apresentado por Sánchez, ao mesmo tempo que lhe pediu que pondere também apresentar uma moção de confiança ou antecipar as eleições, atualmente previstas para 2027.

O deputado Gabriel Rufián, da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, independentista), pediu a Sánchez medidas "verdadeiramente radicais" e "uma ofensiva" para responder à ascensão da direita, como políticas direcionadas para a habitação, e avisou que o partido que representa está disposto a manter o apoio ao Governo se não surgirem novas suspeitas de corrupção.

Caso contrário, a ERC retirará o apoio a Sánchez, para "pedir ao povo que decida", afirmou Gabriel Rufián.

Só um dos partidos da geringonça, a Coligação Canária, pediu claramente a Sánchez que se submeta de imediato a uma moção de confiança.

"Se não for aprovada, se não há maioria para governar, não tenha medo das urnas", disse a deputada Cristina Valido, da Coligação Canária, sublinhando que aquilo que os partidos e os políticos têm de temer é a erosão da democracia e a desconfiança nas instituições que provoca a corrupção.

Na resposta, Sánchez descartou uma moção de confiança, sublinhando, porém, que os partidos da oposição são livres de avançar com uma moção de censura, possibilidade que nenhum mencionou no debate no parlamento espanhol.

Leia Também: "Pensei demitir-me, mas atirar a toalha ao chão não é solução"

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