BRICS juntam-se (sem Xi nem Putin) para enfrentar tarifas de Trump

Sem as presenças de Xi Jinping ou Vladimir Putin, os BRICS juntam-se numa cimeira no Rio de Janeiro para enfrentar as tarifas impostas por Donald Trump, enquanto tentam ultrapassar divisões internas sobre a situação no Médio Oriente.

Brazilian Navy conducts patrol and defense exercises ahead of BRICS summit

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Lusa
05/07/2025 06:07 ‧ ontem por Lusa

Mundo

BRICS

O grupo dos 11 principais países emergentes - incluindo o Brasil, a China, a Índia, a Rússia e a África do Sul - vai reunir-se no domingo e na segunda-feira nas margens da Baía de Guanabara, sob os auspícios do Presidente anfitrião, Luiz Inácio Lula da Silva.

 

Na sexta-feira, os negociadores estavam ainda a trabalhar para chegar a um consenso sobre um projeto de comunicado final.

Espera-se que os BRICS falem a uma só voz para denunciar a guerra comercial lançada pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, com a imposição de tarifas, mas sem nomear diretamente os Estados Unidos, segundo uma fonte envolvida nas negociações.

"Estamos a caminhar para uma cimeira com um tom cauteloso: será difícil mencionar os Estados Unidos pelo nome na declaração final", segundo Marta Fernandez, diretora do BRICS Policy Center, um centro de investigação da Universidade Católica PUC do Rio de Janeiro.

A China, tal como outros países, a "negociar tarifas" com Washington, justificou a investigadora.

Donald Trump disse na quinta-feira que planeava enviar cartas aos seus parceiros comerciais informando-os da taxa de imposição de direitos aduaneiros, que afetará dezenas de países.

Criado com o objetivo de reequilibrar a ordem mundial a favor do "Sul Global" contra o Ocidente, este grupo das economias emergentes representa quase metade da população mundial e 40% do produto interno bruto (PIB) do planeta.

A partir de 2023, a Arábia Saudita, o Egito, os Emirados Árabes Unidos, a Etiópia, o Irão e a Indonésia aderiram ao bloco, então formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, cujas iniciais deram o nome ao grupo, mas este crescimento "torna ainda mais difícil a construção de um consenso forte", sublinha Marta Fernandez.

A prova disso é a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Segundo uma fonte envolvida nas negociações à agência France Prece, não houve acordo na sexta-feira à noite sobre os termos em que o conflito será referido na declaração final.

Embora os chefes da diplomacia, reunidos no Rio de Janeiro em abril, tenham chegado a um acordo, apelando nomeadamente a uma "solução de dois Estados" para "Israel e a Palestina", os representantes iranianos e de outros países endureceram entretanto as suas posições após a guerra de 12 dias, em junho, entre Israel e o Irão, que foi também bombardeado pelos Estados Unidos.

O presidente iraniano Massoud Pezeshkian não estará presente no Rio, mas mais surpreendente ainda é a ausência do Presidente chinês, Xi Jinping, pela primeira vez, numa cimeira dos BRICS, apesar de a China ser a sua potência dominante.

Outra ausência notável será a do Presidente russo, Vladimir Putin, alvo de um mandado de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) por alegados crimes de guerra na Ucrânia. Segundo o Kremlin, Putin irá falar à cimeira por videoconferência.

Para além das questões geopolíticas, os BRICS procuram afirmar o peso económico da organização, designadamente no domínio financeiro, no qual há anos buscam uma alternativa ao dólar para as trocas comerciais no seio do grupo.

Lula sublinhou mais uma vez a importância de um mecanismo com estas características, reconhecendo no entanto o momento "complicado" devido a "problemas políticos".

Donald Trump ameaçou impor tarifas de 100% aos países que desafiem o domínio internacional do dólar.

"Tarifas, sanções e restrições financeiras estão a ser usadas como instrumentos de submissão política", denunciou na sexta-feira a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como Banco do BRICS, sedeado em Xangai.

O Brasil, que acolherá em novembro a conferência da ONU sobre o clima COP30, também espera um consenso sobre a luta contra as alterações climáticas.

Para além da esperada declaração final, deverão ser publicados textos sobre as alterações climáticas, a inteligência artificial e a cooperação no domínio da saúde.

Para esta cimeira, a "Cidade Maravilhosa" está rodeada por um vasto dispositivo de segurança. Mais de 20.000 militares serão destacados, um número semelhante ao da reunião dos chefes de Estado do G20 no Rio, em novembro.

Caças equipados com mísseis vão controlar o espaço aéreo, o que acontece pela primeira vez na cidade desde os Jogos Olímpicos de 2016.

Leia Também: Polónia pede aos Estados Unidos apoio militar a Kyiv: "Putin está a rir"

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