Hamas proíbe contacto com organização de ajuda apoiada por Israel

O governo do Hamas em Gaza proibiu hoje qualquer contacto da população palestiniana do enclave com a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), apoiada por Israel e pelos Estados Unidos.

Hamas

© Abed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images

Lusa
03/07/2025 15:36 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Médio Oriente

estritamente proibido negociar, trabalhar ou fornecer qualquer forma de assistência ou cobertura à GHF ou aos seus agentes locais ou estrangeiros", proclamou o Ministério do Interior nas redes sociais, segundo a agência noticiosa espanhola Europa Press.

 

A decisão foi tomada na sequência de alegações de que a GHF foi responsável pela morte de centenas de palestinianos em ataques do exército israelita quando iam recolher ajuda humanitária.

A GHF, com sede nos Estados Unidos e a única autorizada por Israel a distribuir ajuda na Faixa de Gaza, rejeitou qualquer responsabilidade nos incidentes ocorridos juntos aos postos de distribuição.

O ministério do Hamas ameaçou tomar "medidas dissuasoras" contra qualquer pessoa que coopere com a GHF.

"Apelamos aos cidadãos, aos dignitários, às famílias e aos meios de comunicação social para que demonstrem consciência nacional e assumam a responsabilidade moral e legal de rejeitar as tentativas maliciosas contra o nosso povo a partir do seu interior", declarou.

O Ministério do Interior disse que a GHF "não foi criada para prestar ajuda ou aliviar o sofrimento do povo cercado e faminto".

Segundo o ministério, os pontos de entrega de ajuda da GHF tornaram-se "armadilhas mortais maciças, centros de humilhação e violação sistemática da dignidade e dos direitos humanos".

"Isto resultou no martírio de centenas de cidadãos nossos, abatidos pelo exército de ocupação ou esmagados sob os seus veículos militares", denunciou.

A proibição de qualquer contacto com o GHF decorre de cláusulas legais "que criminalizam a cooperação com o inimigo", avisou o ministério.

O Ministério da Saúde de Gaza disse que, em pouco mais de um mês de operações da GHF, mais de 650 pessoas foram mortas pelo exército israelita e mais de 4.500 ficaram feridas quando tentavam obter ajuda humanitária.

A Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA) denunciou que as vítimas "foram atingidas por tiros ou esmagadas por camiões enquanto tentavam obter a ajuda limitada que as autoridades israelitas permitiram entrar" no enclave palestiniano.

"A ONU apela para uma investigação sobre as mortes e os ferimentos sofridos pelos palestinianos que tentam aceder a alimentos através da atual distribuição em Gaza", afirmou nas redes sociais.

A UNRWA apelou ao fim do cerco e defendeu que "a entrega de ajuda deve ser segura, digna e acessível a todos".

"Deixem a ONU, incluindo a UNRWA, fazer o seu trabalho", afirmou.

O Hamas apelou na semana passada à ONU para que criasse uma comissão internacional para investigar a morte de civis a tiro pelas forças israelitas durante as entregas de ajuda na Faixa de Gaza.

A ONU reiterou recentemente a necessidade de "investigações imediatas e independentes" sobre as mortes de palestinianos pelo exército israelita durante as entregas de ajuda humanitária na Faixa de Gaza, "para garantir a responsabilização".

A atual guerra em Gaza, um território com mais de dois milhões de habitantes, começou em outubro de 2023, após um ataque do Hamas contra Israel que causou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns.

A ofensiva militar israelita que se seguiu ao ataque provocou mais de 57.000 mortos em Gaza, a destruição de grande parte das infraestruturas do território e uma crise na assistência da população, que se viu privada de ajuda alimentar e médica.

Das 251 pessoas raptadas em Israel em outubro de 2023, 49 continuavam detidas em Gaza, mas 27 delas foram declaradas mortas pelo exército israelita.

O grupo radical Hamas é considerado uma organização terrorista por Israel, pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

Leia Também: Ministros de Netanyahu pedem anexação da Cisjordânia ainda este mês

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