Esse número de crianças representa um aumento de quase 50% em comparação a abril e um aumento de 150% face a fevereiro, quando um cessar-fogo esteve brevemente em vigor, indicou hoje Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, no seu 'briefing' diário à imprensa, citando dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Além disso, desde janeiro, mais de 16.700 crianças --- ou 112 por dia --- foram hospitalizadas por desnutrição.
"Cada um desses casos é evitável, pois essas crianças estão a ser impedidas de receber a comida, a água e os tratamentos nutricionais de que tanto necessitam", afirmou.
Dujarric insistiu que o número de crianças desnutridas em Gaza está a aumentar "a um ritmo alarmante".
Também observou que há o equivalente a 1.000 camiões carregados com produtos de saúde, nutrição e outros que estão fora das fronteiras do enclave palestiniano e "prontos para serem entregues".
"A UNICEF apelou a Israel para que autorize urgentemente a entrega em larga escala de ajuda vital por todas as travessias de fronteira. A agência afirma que está atualmente a distribuir os poucos produtos nutricionais que consegue para a Faixa de Gaza", declarou.
O porta-voz de Guterres foi questionado sobre o ataque israelita de quinta-feira, no qual 25 habitantes de Gaza foram mortos e mais de 100 ficaram feridos por fogo do Exército enquanto esperavam para aceder a um ponto de distribuição de ajuda administrado pelo Fundo Humanitário de Gaza, uma organização patrocinada por Washington e promovida por Israel para canalizar ajuda humanitária à margem dos canais da ONU.
Sobre isso, Dujarric declarou: "Vimos as reportagens da imprensa, que são horríveis. Não sei quantas vezes precisamos dizer que ninguém deveria morrer a tentar conseguir comida. Temos um sistema de distribuição humanitária que funciona", frisou, referindo-se aos sistemas de distribuição de ajuda organizados pela ONU, que sofrem bloqueios constantes de Israel.
O porta-voz afirmou que tudo o que a ONU pede é que lhe seja permitido fazer o seu trabalho.
O Ministério da Saúde de Gaza, tutelado pelo grupo extremista Hamas, estima que o número de mortos na ofensiva israelita, que começou em outubro de 2023, superou as 55.600 vítimas mortais, com outras 129.880 pessoas a sofrerem ferimentos.
A estes números juntam-se os cerca de 11.000 desaparecidos, presumivelmente soterrados nos escombros, e mais alguns milhares que morreram de doenças, infeções e fome, de acordo com números atualizados das autoridades locais, que a ONU considera fidedignos.
A guerra eclodiu em Gaza após um ataque sem precedentes do grupo islamita palestiniano Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.
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