"Não é tarde demais para o Governo do Irão fazer o que está certo. O Presidente [norte-americano, Donald] Trump deixou claro nos últimos dias que a liderança do Irão deve abandonar completamente o seu programa de enriquecimento nuclear e todas as aspirações de obter uma arma nuclear", frisou a embaixadora interina norte-americana junto da ONU, Dorothy Shea.
Numa reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU focada no conflito entre Israel e o Irão, iniciado há uma semana, a diplomata norte-americana afirmou que Teerão representa há muito tempo uma ameaça constante à paz e à segurança dos seus países vizinhos e do mundo inteiro, recorrendo a apelos à "destruição de Israel e à 'morte da América'".
Shea acusou ainda o regime iraniano de ter sido "uma força ideológica e material" do ataque do grupo islamita palestiniano Hamas a Israel em 07 de outubro de 2023.
"Já chega. (...). Embora os EUA não tenham estado envolvidos nos ataques de Israel, não há dúvidas de que os EUA continuam a apoiar Israel e as suas ações contra as ambições nucleares do Irão", reforçou.
A embaixadora insistiu que o mundo não pode ignorar "que o Irão tem tudo o que precisa para obter uma arma nuclear", faltando apenas uma "decisão do seu líder supremo [Ali Khamenei]".
Israel lançou um ataque contra o Irão na madrugada de 13 de junho, alegando ter informações de que Teerão se aproximava do "ponto de não retorno" para obter uma bomba atómica.
A acusação é refutada por Teerão, que insiste nos fins pacíficos do seu programa nuclear, e que tem lançado vários ataques aéreos em retaliação contra Israel.
Desde então, Donald Trump equaciona uma intervenção direta no conflito contra o Irão, embora ainda sem uma decisão anunciada.
Trump ainda vê uma possibilidade "substancial" de que as negociações alcancem as exigências norte-americanas e israelitas sobre o programa nuclear iraniano.
Mas em relação a possíveis negociações, o embaixador israelita na ONU, Danny Danon, expressou ceticismo, dizendo aos jornalistas na sede da organização internacional que "os iranianos são mestres da mentira há muitos anos".
Já na reunião do Conselho de Segurança, realizada a pedido do Irão, Danon citou o chanceler alemão, Friedrich Merz, ao afirmar que o Estado hebraico "está a fazer o trabalho sujo do mundo".
"Somos nós que mantemos a diferença entre civilização e o imperialismo jihadista genocida, (porque) o Irão não quer apenas destruir Israel, quer redesenhar a ordem mundial", argumentou, ao justificar os ataques israelitas.
Criticando o "colapso moral" dos países que criticam os ataques de Israel, mas não os do Irão, o embaixador assegurou: "Não nos vamos desculpar por assumirmos a nossa defesa. Não nos vamos desculpar por atacar instalações nucleares iranianas. Não nos vamos desculpar por neutralizar ameaças".
"Estamos a fazer o que este Conselho deveria ter feito há muito tempo: agir onde a comunidade internacional vacilou, interrompendo uma ameaça que colocaria em risco o mundo inteiro, que colocaria em risco os nossos lares, as nossas famílias, os nossos filhos", enfatizou.
Na reunião de hoje esteve igualmente o embaixador iraniano, Saeid Iravani, que alegou que o Irão defende há muito uma zona livre de armas nucleares no Médio Oriente e que Israel é o único possuidor de armas nucleares não declaradas na região.
Saeid Iravani acusou ainda Israel de ser um regime ocupante, com "uma longa e obscura história de uso ilegal da força e violação de todas as leis internacionais" e com "segredos nucleares que desestabilizam toda a região".
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