"As declarações cínicas de Putin demonstram um total desprezo pelos esforços de paz norte-americanos (...). A única forma de obrigar a Rússia a fazer a paz é privá-la do seu sentimento de impunidade", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andriy Sybiga, numa mensagem publicada na rede social X.
O chefe da diplomacia ucraniana reagiu assim às declarações hoje emitidas por Putin, que se disse "muito preocupado" com a possibilidade de uma terceira guerra mundial, devido aos conflitos no Irão e na Ucrânia, reivindicando, ao mesmo tempo, a posse do país vizinho.
"Estou preocupado. Digo isto sem ironia ou brincadeira. Há um grande potencial de conflito que está a crescer (...). O conflito que estamos a viver na Ucrânia, o que está a acontecer no Médio Oriente e, claro, estamos muito preocupados com o que está a acontecer em torno das instalações nucleares do Irão", declarou o líder russo no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo.
Numa intervenção transmitida em direto pela televisão russa, Vladimir Putin comentou que todos estes conflitos exigem não só a atenção do Kremlin, "mas também a procura de soluções, de decisões, de preferência por meios pacíficos".
Quanto à Ucrânia, o chefe de Estado russo reivindicou a posse de todo o país, que mandou invadir em fevereiro de 2022, num conflito em curso há mais de três anos e que envolveu ajuda militar do Ocidente a Kyiv.
"Já o disse muitas vezes, considero o povo russo e ucraniano o mesmo povo. Nesse sentido, toda a Ucrânia é nossa", defendeu, citando "uma regra antiga" ao moderador do debate: "Onde a bota de um soldado russo pisa, é nosso".
O líder russo não descartou a conquista da região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, onde as forças de Moscovo abriram uma frente de combate, alegando que pretendem criar uma "zona de segurança", que indicou já se estender por entre 10 e 12 quilómetros.
"Não temos esse objetivo: conquistar Sumy. Mas, em princípio, não descarto", disse Putin, que sublinhou ter alertado Kyiv, em diversas ocasiões, de que se não pusesse termo às suas operações militares, as condições de Moscovo à mesa das negociações ficariam cada vez mais exigentes.
Mais de três anos após o início da invasão da Ucrânia, a Rússia exige o reconhecimento da sua anexação das regiões de Donetsk e Lugansk, no leste do país, e de Zaporijia e Kherson, no sul, além da península da Crimeia, desde 2014.
Moscovo pretende também que Kyiv renuncie aos seus planos de aderir à NATO (Organização do Tratado do Atlântico-Norte, bloco de defesa ocidental) e ao reforço das suas capacidades militares, condições recusadas pelas autoridades ucranianas.
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