Dois dias depois de um avião se ter despenhado em Ahmedabad, na Índia, ainda há muito que se desconhece - e não deverá ser 'revelado' nos próximos tempos, já que é preciso reunir toda a informação, com recurso à caixas negras, por exemplo, tendo apenas uma sido para já encontrada.
Com o número provisório de vítimas mortais a estabelecer-se nos 279, e um único passageiro ter sobrevivido, os especialistas falam agora de possíveis causas para o acidente, que demorou poucos segundos a acontecer após a descolagem.
À Sky News, um professor da Universidade de Portsmouth, Jason Knight, explicou que o acidente poderá ter acontecido na sequência de uma colisão com aves.
"É muito improvável que o avião estivesse com excesso de peso ou de combustível. O avião foi concebido para poder voar com um só motor, pelo que a causa mais provável do acidente é uma falha de um motor duplo", referiu, num artigo publicado na sexta-feira.
À imprensa, o especialista explicou que como a altitude era ainda muito baixa, "o piloto teria tido muito pouco tempo para fazer uma aterragem de emergência."
"A causa mais provável de uma falha de dois motores é um choque com uma ave", reforçou.
Já Graham Braithwaite, especialista em aviação e professor na Universidade de Cranfield, em Inglaterra, apontou que a altura da descolagem era sempre crítica, na medida em que esta é uma altura em que "a aeronave ainda está a acelerar e qualquer problema requer uma ação rápida."
Mas, ainda assim, Braithwaite lembra que "embora a descolagem seja uma fase crítica do voo, os acidentes aéreos são incrivelmente raros, especialmente quando se trata de aeronaves modernas como o Boeing 787."
John McDermid, da Universidade de York, descreveu o acidente, que aconteceu quando a aeronave não tinha chegado sequer aos 200 metros de altitude, como "muito surpreendente."
"Os pilotos podem cancelar a descolagem até bastante tarde no rolo de descolagem, por isso parece que o problema ocorreu muito subitamente na parte final [antes de a aeronave se tornar aérea] ou pouco depois da descolagem, e foi suficientemente grave para ser incontrolável", explicou.
McDermid descarta ainda possibilidade de que o estado meteorológico tenha estado relacionado com a causa do acidente, dado que havia visibilidade e as temperaturas rondavam os 40ºC na cidade indiana, não havendo indicação de que turbulência ou outros fatores tenham contribuído para a queda.
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