ONG denuncia mais de 7 mil vítimas de violência sexual em quatro meses

A organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) anunciou hoje que, entre janeiro e abril deste ano, tratou cerca de 7.400 novas vítimas de violência sexual em Goma, a principal cidade do leste da República Democrática do Congo (RDCongo).

Segurança: Mais de 26.700 vítimas de violência doméstica em 2015

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Lusa
11/06/2025 20:41 ‧ ontem por Lusa

Mundo

Médicos Sem Fronteiras

Num relatório sobre a situação naquela região, que desde janeiro vive uma intensificação do conflito entre os rebeldes M23 e o exército governamental, os MSF descrevem a violência contra as mulheres como uma "emergência médica" e advertem que os números são "subestimados" devido aos obstáculos, ao estigma e à falta de acesso das vítimas aos cuidados médicos.

 

A ONG afirma que as suas equipas trataram cerca de 7.400 pacientes vítimas de violência sexual nos primeiros quatro meses do ano em Goma, especificando que em Saké, uma pequena cidade a 20 quilómetros de distância, tratou 2.400 vítimas.

A escalada da violência, alimentada pelos combates entre o exército e as milícias aliadas, por um lado, e os grupos armados Movimento 23 de março (M23), a Cooperativa para o Desenvolvimento do Congo (CODECO) e as Forças Democráticas Aliadas (ADF, na sigla em inglês), por outro, agravou a crise humanitária na região.

Os campos de deslocados em Goma, capital da província de Kivu Norte, que em tempos albergaram mais de 650 mil pessoas, foram desmantelados em fevereiro deste ano, na sequência da ocupação pelo grupo rebelde M23, o que dificultou exponencialmente o acesso das vítimas aos serviços médicos, explica a ONG.

Só em 2024, os Médicos Sem Fronteiras trataram cerca de 40 mil vítimas de violência sexual no Kivu do Norte, um número "sem precedentes".

"O contexto mudou, mas a violência sexual persiste com a mesma dureza", disse François Calas, chefe do programa dos MSF no Kivu Norte.

Em abril, a Unicef afirmou que as crianças representavam 35-45% dos cerca de 10 mil casos de violação e violência sexual registados só em janeiro e fevereiro no leste da RDCongo, durante a fase mais intensa do conflito.

O conflito no leste da RDCongo intensificou-se no final de janeiro, quando o M23 assumiu o controlo de Goma, capital do Kivu do Norte, e de Bukavu, capital do Kivu do Sul, ambas na fronteira com o Ruanda e ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.

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