"A Ucrânia está pronta para tomar medidas o mais rapidamente possível para alcançar a paz real, e é importante que o mundo mantenha uma posição forte", afirmou Zelensky nas redes sociais após o telefonema conjunto.
A mensagem do líder ucraniano surge acompanhada de uma imagem da ligação, com o homólogo francês, Emmanuel Macron, o chanceler alemã, Friedrich Merz, e os primeiros-ministros britânico, Keir Starmer, e polaco, Donald Tusk.
Zelensky reiterou que a posição da Ucrânia é manter a pressão sobre a Rússia até que "esteja pronta para acabar com a guerra", adicionando que, acredita que "se os russos rejeitarem um cessar-fogo completo e incondicional e o fim dos assassínios", merecem fortes sanções.
A conversa com Trump ocorreu após contactos diretos entre as delegações ucraniana e russa em Istambul, os primeiros desde 2022, embora sem a participação do líder do Kremlin, Vladimir Putin, ou de outros membros de alto nível do Governo russo.
O Presidente ucraniano e os seus principais parceiros ocidentais participaram hoje na reunião de líderes da Comunidade Política Europeia, em Tirana, na Albânia, onde Zelensky voltou a pedir solidariedade face ao que chamou teatro que a Rússia tem vindo a montar nas negociações com Kyiv.
Após o telefonema conjunto com Trump, o primeiro-ministro do Reino Unido afirmou que os líderes europeus concordaram que a posição da Rússia nas negociações de cessar-fogo com a Ucrânia é inaceitável e pretendem coordenar uma resposta.
"Acabámos de ter uma reunião com o Presidente Zelensky e depois um telefonema com o Presidente Trump para discutir os desenvolvimentos das negociações hoje, e a posição russa é claramente inaceitável", comentou Starmer aos jornalistas.
No mesmo sentido, o Presidente francês, Emmanuel Macron, considerou igualmente que é "inaceitável que, pela segunda vez, a Rússia não tenha respondido às exigências dos americanos, apoiadas pela Ucrânia e pelos europeus", criticando que as negociações em Istambul tenham acabado "sem cessar-fogo e, portanto, sem reunião a nível decisório e sem resposta".
Macron também indicou que os parceiros europeus e os Estados Unidos vão manter os contactos e que haverá um "' feedback 'nas próximas horas".
O chanceler alemã lamentou por seu lado que os esforços diplomáticos realizados até ao momento "tenham falhdo infelizmente devido à falta de preparação da Rússia para dar os primeiros passos na direção certa agora".
As negociações entre as delegações de Moscovo e Kyiv terminaram após menos de duas horas, de acordo com o Ministério dos Negócios Estrangeiros turco.
Kyiv acusou o Kremlin de introduzir novas "exigências inaceitáveis" para retirar as forças ucranianas de grandes extensões de território, segundo uma autoridade ucraniana citada pela agência Associated Press (AP) sob anonimato.
Anteriormente, Zelensky tinha dito que a Ucrânia está empenhada em pôr fim à guerra, mas pediu a dezenas de líderes europeus que intensificassem as sanções se Vladimir Putin continuasse a tentar ganhar tempo nas negociações e num acordo de cessar-fogo.
Starmer apoiou este apelo, sustentando em Tirana que "a Rússia está a enrolar e a brincar" e que, sem progressos nas negociações, "Putin terá de pagar o preço".
"Penso que Putin cometeu um erro ao enviar uma delegação de baixo nível", observou o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, ao chegar a Tirana.
"A bola está claramente na parte dele do campo agora. Ele tem de jogar. Ele tem de levar a sério o desejo de paz", declarou.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou ser claro que "o Presidente Zelensky estava pronto para se reunir, mas o Presidente Putin nunca apareceu, e isso demonstra a sua verdadeira convicção" sobre o processo de paz, prometendo pressão adicional junto de Moscovo, numa alusão ao próximo pacote de sanções em preparação em Bruxelas, que deve ser anunciado na terça-feira.
Segundo Ursula von der Leyen, as medidas terão como alvo a frota paralela de navios de carga que a Rússia está a utilizar para contornar as sanções internacionais, o setor financeiro e o consórcio do gasoduto Nord Stream,
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, realçou que os esforços para chegar a um acordo sobre a Ucrânia devem continuar.
"Não devemos deitar a toalha ao chão. Acho que devemos insistir, devemos insistir num cessar-fogo incondicional e num acordo de paz sério que inclua garantias de segurança para a Ucrânia", sustentou.
A presidência ucraniana indicouainda que Zelensky agradeceu a Trump por ter o secretário de Estado, Marco Rubio, e o enviado especial da Casa Branca Keith Kellogg presentes nos esforços diplomáticos em Istambul, bem como ao Governo turco por ter sido anfitrião do encontro.
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