Ataques em Niassa causaram mais de 15.000 deslocados

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) estimou hoje que mais de 1.500 pessoas fugiram de duas localidades de Niassa, devido aos recentes ataques de supostos insurgentes numa área protegida daquela província no norte de Moçambique.

Notícia

© Lusa

Lusa
08/05/2025 08:42 ‧ há 4 horas por Lusa

Mundo

Moçambique

"Desde 29 de abril, novas famílias deslocadas têm chegado ao distrito de Mecula devido a ataques de grupos armados não estatais nas localidades de Mbamba e Macalange", lê-se num relatório daquela agência das Nações Unidas.

 

De acordo com a OIM, até terça-feira, a província, vizinha de Cabo Delgado, região que tem sido fustigada por ataques de grupos armados desde 2017, registou um total de 1.537 deslocados destas localidades, que se refugiaram na sede distrital de Mecula.

"Para acomodar as famílias deslocadas, o Serviço Distrital de Planeamento e Infraestruturas (SDPI) designou a Escola Básica 16 de Junho como um centro de trânsito enquanto estão a ser exploradas soluções a longo prazo. Atualmente, 119 famílias (458 indivíduos) estão acolhidas na escola, enquanto 286 famílias (1.079 indivíduos) estão a ser alojadas por familiares e membros da comunidade", refere-se.

A OIM explica ainda que foram identificadas "necessidades humanitárias urgentes" dos deslocados, que incluem artigos não alimentares, assistência alimentar, apoio psicossocial, tendas familiares, além de `kits´ de dignidade e `kits´ de higiene, "com particular ênfase na melhoria do saneamento".

A Polícia da República de Moçambique afirmou em 30 de abril que está a investigar um suposto novo ataque de grupos insurgentes numa coutada de caça desportiva da Reserva Especial do Niassa, vizinha de Cabo Delgado, que terá ocorrido no dia anterior, provocando dois mortos e dois desaparecidos.

"Nós, como comando provincial da PRM de Niassa, tomámos conhecimento deste incidente, porém estamos no terreno como forma de obter mais informações a respeito", disse à Lusa Nelson Carvalho, porta-voz provincial da polícia.

O acampamento de caça desportiva de Mariri, numa das coutadas da Reserva Especial do Niassa (REN), área com 42 mil quilómetros de terra em oito distritos que abrange também Cabo Delgado, terá sido invadida por homens armados na tarde do dia 29 de abril, divulgou no dia seguinte a comunicação social moçambicana.

Trata-se do segundo caso de alegadas movimentações terroristas na REN, tendo o primeiro sido registado em 24 de abril.

Relatos locais indicam que o grupo, ainda em número indeterminado, entrou numa aldeia da reserva, gerando pânico entre os residentes.

O ministro da Defesa de Moçambique reconheceu, entretanto, a existência de grupos terroristas na reserva.

"Temos conhecimento [...] São terroristas e nós estamos atrás deles", disse Cristóvão Chume.

O Reino Unido e o Governo norte-americano alertaram nos últimos dias para movimentações de grupos terroristas na Reserva Especial do Niassa, sugerindo aos seus cidadãos que reconsiderem viagens a algumas regiões da província.

A província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

Só em 2024, pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos na província, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo dados divulgados recentemente pelo Centro de Estudos Estratégicos de África, uma instituição académica do Departamento de Defesa do Governo norte-americano que analisa conflitos em África.

Leia Também: Moçambique inicia hoje debate do primeiro orçamento de Daniel Chapo

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas