"Estamos atualmente em conversações com os Estados Unidos [EUA]. Como sabem, tivemos conversações no passado com o Reino Unido, por isso isto não é novo para nós", afirmou Olivier Nduhungirehe, no domingo, acrescentando que as conversações com Washington estão ainda numa fase inicial e que "é demasiado cedo para dizer como irão decorrer".
O ministro fez o anuncio após os EUA terem informado que Omar Abdulsattar Ameen, um refugiado iraquiano reinstalado nos EUA que tinha pedido a extradição na sequência de acusações do Governo iraquiano de que estaria a colaborar com o Estado Islâmico, foi enviado de volta para o Ruanda em abril.
As conversações com o Governo norte-americano surgem na sequência do cancelamento, em 2024, do plano de migração falhado que previa o envio de migrantes irregulares para o país africano, que foi abandonado pelo Governo trabalhista de Londres após a vitória do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, nas eleições gerais de julho.
O controverso "plano Ruanda" foi inicialmente lançado em abril de 2020 pelo antigo primeiro-ministro do Reino Unido Boris Johnson e posteriormente transformado numa das peças centrais do programa de Rishi Sunak, também primeiro-ministro do país.
O plano procurava enviar os migrantes que chegavam irregularmente ao território britânico através do Canal da Mancha para o Ruanda, sem possibilidade de regresso.
Em 15 de novembro de 2023, o Supremo Tribunal do Reino Unido considerou o plano ilegal, justificando que existia risco de os requerentes de asilo, enviados para o Ruanda, serem deportados para os seus países de origem.
O programa teve um custo elevado para Londres, tendo o Governo britânico pagado ao país africano 240 milhões de libras (cerca de 290 milhões de euros) para acolher os deportados.
Apesar de o plano ter acabado por ser cancelado, o Ruanda recusou-se a devolver o montante, argumentando que tinha sido o Reino Unido a rescindir o acordo e que os fundos já tinham sido utilizados para preparar o acolhimento de migrantes.
As Nações Unidas e organizações de direitos humanos como a Amnistia Internacional criticaram o projeto por "minar" o Estado de direito e violar os direitos dos refugiados.
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