Face ao aumento dos relatos, muitos acreditam que o abuso sexual de freiras por padres será um escândalo difícil de ignorar na Igreja Católica e será um desafio para o próximo Papa, tal como destaca uma recente reportagem da AFP.
Recorde-se que Francisco levou a cabo uma grande mudança, face aos escândalos dos últimos anos, incluindo a revogação do segredo pontifício sobre abusos e a obrigação de as pessoas denunciarem os casos aos seus superiores. Em janeiro, nomeou uma mulher para chefiar um ministério do Vaticano pela primeira vez.
"No passado, as freiras sofriam muito e não podiam falar sobre isso com ninguém; era como um segredo", disse a Irmã Cristina Schorck, que trabalha com as Filhas de Maria Auxiliadora, em declarações à agência noticiosa. A mulher acredita que Francisco abriu "uma primeira porta" para as mulheres se manifestarem.
Já a irmã Veronique Margron, presidente da Conferência dos Religiosos da França, refere que os abusos ainda são "um tabu", embora nunca se tenha falado "tanto sobre isso" como atualmente. Como exemplo, lembram o caso do padre e artista esloveno Marko Rupnik, acusado por freiras de violência sexual e psicológica.
Laura Sgro, advogada italiana de cinco das mulheres que acusam o influente padre, disse à AFP que as freiras deveriam ser mais protegidas "tanto pelos Estados quanto pelo direito canónico" e defendeu que o próximo Papa deve agir "imediatamente".
Em janeiro, o Papa Francisco, que morreu no passado mês de abril, pediu à Igreja que "superasse" a "mentalidade machista", insistindo que as freiras não deveriam ser tratadas "como servas".
De recordar que o Conclave tem início na quarta-feira, 7 de maio. Caberá aos 133 cardeais eleitores, com menos de 80 anos, a responsabilidade de escolher o sucessor de Francisco.
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