Enviado de Guterres na Mauritânia para preparar relatório para ONU

O enviado da ONU para o Saara Ocidental fez hoje uma escala na Mauritânia no âmbito da digressão realizada antes de apresentar um relatório ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, ainda este mês.

 enviado da ONU para o Saara Ocidental, Staffan De Mistura,

© Riccardo De Luca/Anadolu Agency via Getty Images

Lusa
03/04/2025 16:47 ‧ 03/04/2025 por Lusa

Mundo

Saara Ocidental

Staffan De Mistura, que na semana passada já se tinha deslocado a Rabat para se encontrar com o chefe da diplomacia marroquina, Nasser Bourita, reuniu-se em Nouakchott com o Presidente mauritaniano, Mohamed Ould Ghazouani, bem como com os chefes dos ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Defesa locais, informa a agência noticiosa oficial.

 

Antes de apresentar um relatório a Guterres e ao Conselho de Segurança sobre o atual momento do diferendo, a 14 deste mês, o enviado de António Guterres irá ainda manter contactos com a Frente Polisário, que controla a República Árabe Sarauí Democrática (RASD), e com a Argélia, que apoia o movimento de libertação, embora o gabinete não tenha tornado pública a agenda oficial das visitas.

Um porta-voz do gabinete, contudo, explicou à agência noticiosa Europa Press que esta nova ronda de contactos faz parte do compromisso de De Mistura de "fazer progressos construtivos" no "processo político" pendente. 

O processo, iniciado com a anexação marroquina da antiga colónia espanhola, em 1976, continua estagnado, uma vez que nenhuma das partes cedeu às respetivas posições.

No recente encontro com De Mistura, o ministro dos Negócios Estrangeiros marroquino deixou claro que, para Marrocos, a resolução do conflito territorial na antiga colónia espanhola passa "exclusivamente" por seguir o plano de autonomia apresentado em 2007 pelo rei Mohammed VI.

Em 2024, o enviado da ONU chegou mesmo a insinuar a possibilidade de dividir o Saara Ocidental para desbloquear as negociações, mas tanto Marrocos como a Frente Polisário, que reivindica o direito da população sarauí à autodeterminação, rejeitaram liminarmente a ideia.

O projeto de "partilha", explicou então De Mistura, "permitiria, por um lado, criar um Estado independente na parte sul e, por outro, integrar o resto do território como parte de Marrocos, cuja soberania seria reconhecida internacionalmente".

No entanto, o enviado da ONU, nomeado por Guterres em outubro de 2021, advertiu que "nem Rabat nem a Frente Polisário" manifestaram o menor "sinal de vontade" de ir mais longe nas negociações sobre esta proposta.

"Lamento o facto", concluiu o homem que, há mais de dez anos, foi o enviado da ONU para encontrar uma solução para a guerra civil e internacional na Síria.

Marrocos defende um plano de autonomia alargado para a antiga colónia espanhola em África, enquanto a Polisário insiste na realização de um referendo de autodeterminação, assinado na ONU por todas as partes em 1991.

O Saara Ocidental, uma vasta zona desértica de 266 mil quilómetros quadrados a norte da Mauritânia, é o último território do continente africano cujo estatuto pós-colonial ainda não foi resolvido: Marrocos controla mais de 80% do território e a Frente Polisário menos de 20%, separados por uma zona tampão sob controlo das forças de manutenção da paz da ONU, a MINURSO.

A ONU considera a antiga colónia espanhola um "território não autónomo".

Leia Também: UE mobiliza 20 milhões para a Mauritânia para estabilidade no Sahel

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