"Temos um balanço de onze civis mortos após um bombardeamento dos rebeldes do M23, que não respeitam qualquer noção de direitos humanos", disse o administrador do território de Masisi, coronel Remy Matadi Zola, à agência espanhola de notícias, a Efe, referindo-se ao atentado que ocorreu na cidade de Ngesa, localizada no território de Masisi, na província de Kivu do Norte.
"Saíram da linha da frente onde estavam a lutar contra as nossas forças Wazalendo (milícias que apoiam o exército congolês) e os patriotas para atacar estes civis em Ngesa; a bomba caiu sobre uma casa", afirmou Zola, acrescentando que este foi "um ato deliberado dos rebeldes".
O M23, que é apoiado pelo Ruanda - segundo a ONU e países como os Estados Unidos, a Alemanha e a França -- tomou, no fim de semana de 15 e 16 de fevereiro, Bukavu, a capital estratégica do Kivu do Sul, vizinha do Kivu do Norte, cuja capital, Goma, também ocupou em 27 de janeiro.
O grupo controla agora as capitais destas duas províncias que fazem fronteira com o Ruanda e são ricas em minerais como o ouro e o coltan, essenciais para a indústria tecnológica e para o fabrico de telemóveis.
O número de mortes causadas pelo conflito em Goma e arredores ultrapassou as 8.500 desde janeiro deste ano, declarou o ministro congolês da Saúde Pública, Samuel Roger Kamba, em 27 de fevereiro.
Três dias antes, a primeira-ministra da RDCongo, Judith Suminwa, declarara em Genebra que, de acordo com os números do Ministério da Saúde Pública, desde janeiro de 2025 o conflito causou a morte de mais de 7.000 congoleses, dos quais 2.500 foram enterrados sem terem sido identificados.
A atividade armada do M23 - um grupo constituído principalmente por tutsis vítimas do genocídio ruandês de 1994 - recomeçou em novembro de 2021, com ataques relâmpagos contra o exército congolês no Kivu do Norte.
Desde então, o grupo avançou em várias frentes, fazendo temer uma possível guerra regional.
Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de paz da ONU (Monusco).
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