O anúncio, feito por Abdel Fattah al-Burhane no domingo à noite, surge numa altura em que o país da África Oriental regista a maior deslocação de população do mundo, está ameaçado pela fome e procura ajuda internacional, segundo a ONU.
Numa mensagem publicada na sua conta do Facebook, o Conselho de Soberania de Transição, no poder no Sudão, declarou que o general Burhane tinha aprovado a substituição dos ministros dos Negócios Estrangeiros, dos Meios de Comunicação Social, dos Assuntos Religiosos e do Comércio.
A guerra civil que começou em abril de 2023 opõe os militares às Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) paramilitares, sob o comando do seu antigo adjunto, Mohamed Hamdane Daglo.
Desde então, o Governo sudanês tem estado a operar a partir da cidade oriental de Porto Sudão, que tem permanecido praticamente intocada pela violência.
O conselho não revelou as razões da remodelação, mas esta coincide com um aumento da violência no estado de al-Jazira, a sul da capital Cartum, e na vasta região do Darfur do Norte, no extremo oeste do Sudão, na fronteira com o Chade.
O novo chefe da diplomacia, Ali Youssef al-Sharif, um diplomata reformado que foi anteriormente embaixador do Sudão na China e na África do Sul, sucede a Hussein Awad Ali, que ocupou o cargo durante sete meses.
O jornalista e apresentador de televisão Khalid Ali Aleisir, que vive em Londres, foi nomeado ministro da Cultura e dos Media.
Omar Banfir, no Ministério do Comércio, e Omar Bakhit, no Ministério dos Assuntos Religiosos, são outras das novidades da remodelação.
Durante as duas últimas semanas, as RSF intensificaram os ataques contra civis em al-Jazeera, depois de o exército ter anunciado a deserção de um comandante dos paramilitares.
Na sexta-feira, o porta-voz do secretário geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou os ataques perpetrados pelos paramilitares em al-Jazeera.
De acordo com uma contagem da agência noticiosa francesa AFP baseada em fontes médicas e ativistas, pelo menos 200 pessoas foram mortas em al-Jazeera em outubro.
Segundo a ONU, a violência obrigou cerca de 120.000 pessoas a abandonar as suas casas.
No total, há mais de 11 milhões de pessoas deslocadas no Sudão, enquanto outros 3,1 milhões encontraram refúgio além-fronteiras, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações.
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