"Usar colete tornava-o alvo"? ONU em Gaza teme ataques israelitas
Um funcionário das Nações Unidas disse hoje que o pessoal da ONU que trabalha na Faixa de Gaza teme ser "alvo" de ataques, após o recente ataque mortífero israelita a uma escola que tinha sido transformada em refúgio.
© Moez Salhi/Anadolu via Getty Images
Mundo Médio Oriente
O ataque aéreo na passada quarta-feira contra a escola Al-Jawni em Nousseirat (centro), gerida pelas Nações Unidas, matou 18 pessoas, de acordo com a Defesa Civil de Gaza. Seis funcionários da agência da ONU para os Refugiados Palestinianos (UNRWA) encontravam-se entre as vítimas.
O ataque, que mereceu a condenação internacional, foi o mais mortífero para a UNRWA em mais de onze meses de guerra em Gaza entre Israel e o movimento islamista palestiniano Hamas.
"Um colega disse que já não usava o colete da UNRWA porque achava que isso o tornava um alvo", afirmou Sam Rose, diretor-adjunto da agência da ONU, em declarações hoje à AFP, depois de visitar Nousseirat.
O pessoal da UNRWA "estava a comer" no que parecia ser uma sala de aula "quando a bomba caiu" e destruiu parte do edifício, disse Rose numa entrevista virtual a partir de Gaza.
"O filho de um dos funcionários tinha trazido uma refeição", contou Rose, acrescentando que o grupo debateu então se comeria no gabinete do diretor antes de se retirar para o salão.
O exército israelita declarou que a sua força aérea tinha "efetuado um ataque de precisão contra os terroristas que operavam" na escola e que tinha tomado medidas para reduzir o risco para os civis.
O exército israelita publicou uma lista de nove combatentes mortos no ataque a Nousseirat, que incluía três funcionários da UNRWA.
Um porta-voz do Governo israelita afirmou que a escola se tinha tornado "um alvo legítimo" porque estava a ser utilizada pelo Hamas para lançar ataques.
Segundo Rose, estas declarações minaram ainda mais o moral do pessoal da ONU ainda presente na escola, onde milhares de pessoas se refugiaram.
A UNRWA estima que, pelo menos, 220 dos seus funcionários foram mortos na guerra entre Israel e o Hamas em Gaza, desencadeada pelo ataque sem precedentes do Hamas a Israel no dia 07 de outubro.
O ataque causou 1.205 mortos, na sua maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada nos números oficiais israelitas, que incluem também os reféns mortos em cativeiro.
A campanha militar de represálias israelita causou, pelo menos, 41.182 mortos, segundo o governo do Hamas em Gaza, que não especifica a proporção de combatentes e civis mortos.
Na sexta-feira, a UNRWA anunciou também a morte de um dos seus funcionários na Cisjordânia, vítima de um ataque do exército israelita.
Mais de 30.000 pessoas trabalham para a agência da ONU nos territórios palestinianos e noutros locais.
Este ano, Israel acusou vários deles de envolvimento no ataque de 7 de outubro.
A ONU demitiu os funcionários implicados.
Um relatório de peritos concluiu que havia um problema com a "neutralidade" política da agência e que Israel não tinha apresentado quaisquer "provas" que sustentassem as suas acusações.
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