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30 detidos em Espanha por burla de mais de um milhão. Vítimas em Portugal

Há registo de mais de 100 vítimas, em vários países.

30 detidos em Espanha por burla de mais de um milhão. Vítimas em Portugal
Notícias ao Minuto

20:47 - 08/05/24 por Notícias ao Minuto

Mundo Espanha

A Guardia Civil deteve 30 pessoas, em várias regiões de Espanha, suspeitas de burlar em mais de um milhão de euros vítimas de diferentes países, incluindo Portugal, com recurso ao esquema vulgarmente conhecido por 'man in the middle'. Os dois chefes da organização criminosa estão entre os detidos.

Em comunicado, a Guardia Civil explica que em causa está a operação 'Osgiliath', na qual também foram identificados "mais 40 presumíveis autores, a maioria dos quais residentes em Espanha, mas também na Croácia, Hungria, Inglaterra, Marrocos, Nigéria, Paquistão e Roménia, cujas identidades foram comunicadas ao tribunal e às autoridades desses países". 
 
Em apenas um ano, explica a autoridade, "foram localizadas mais de 100 vítimas em Espanha, Alemanha, Andorra, Bélgica, Bulgária, Equador, Eslovénia, Finlândia, Holanda, Hungria, Irlanda, Itália, Lituânia, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa e Roménia, que foram burladas pela organização criminosa".

A investigação teve início em maio do ano passado, na sequência de uma "queixa de uma empresa de construção civil que tinha sido defraudada em mais de 10.000 euros utilizando um método conhecido como 'man in the middle'".
 
Neste tipo de ciberataque, também conhecido como 'CEO-Fraud' (Business Email Compromise), "os autores invadem as conversas entre dois ou mais dispositivos, normalmente um fornecedor e os seus clientes".

O defraudador "acede às conversas entre os dois e intercepta as que se referem a pagamentos, nas quais se faz passar pela identidade e, fazendo-se passar pelo fornecedor, modifica a informação para que a vítima efetue as transferências para um número de conta do infrator". Por outro lado, "fazendo-se passar pelo cliente, negoceia com o fornecedor as extensões para efetuar os pagamentos, ganhando assim tempo". Quando a vítima efetua a transferência, "o burlão deixa de intervir nas conversas, e é então que a burla é revelada".

A Guardia verificou que os suspeitos "utilizavam outros métodos de ciberfraude". Fazendo-se "passar por empresas reais, publicitavam veículos automóveis, máquinas agrícolas e propriedades para aluguer de férias". Para isso, "criavam sites falsos onde ofereciam um desses produtos, que na realidade não possuíam, a um preço competitivo e sob o nome de uma marca solvente, chegando mesmo a utilizar o verdadeiro número de IVA da empresa de que se faziam passar, mas fornecendo como contacto um endereço de correio eletrónico criado pelos burlões". 
 
Uma vez captada a atenção dos interessados em adquirir um dos produtos, "iniciam uma conversa por correio eletrónico na qual pedem à vítima, entre outras coisas, uma cópia do seu documento de identificação, que utilizam para contratar produtos financeiros (contas bancárias ou empréstimos) utilizando uma identidade usurpada". O montante burlado nestes casos "é o montante reclamado para a reserva do veículo, da máquina ou da casa".

Outra forma de se apoderarem dos dados das pessoas cujas identidades usurpam "é através de falsas ofertas de emprego que divulgam em grande escala". Quando uma vítima morde o isco, "pedem documentação e dados pessoais com o pretexto de registar o contrato, mas na realidade são utilizados para levar a cabo a atividade criminosa". 
 
Para transferir o dinheiro das burlas, "a organização tinha uma rede de mulas a quem pagava comissões que variavam entre 50 e 1500 euros. Quando o dinheiro estava nas contas dos criminosos, estes retiravam-no das caixas multibanco, investiam-no em moedas virtuais ou transferiam-no para contas na República de Malta e na República da Lituânia".

A Guardia Civil continua a estudar o rasto destas transferências.  
 
A operação foi realizada em duas fases, a primeira em dezembro de 2023, em que foram detidas cinco pessoas nas cidades de Getafe (Madrid), Talavera de la Reina (Toledo), Moratalla (Múrcia) e Pegalajar (Jaén) e, numa segunda fase, que terminou em 12 de março, foram detidas mais 25 pessoas nas cidades de Lloret de Mar (Girona) e Barcelona. 

No total, foram detidas 30 pessoas, 19 homens e 11 mulheres, com idades compreendidas entre os 19 e os 56 anos. 
 
As 40 pessoas identificadas são 29 homens e 11 mulheres, com idades compreendidas entre os 20 e os 45 anos.

O processo foi entregue ao Tribunal de Instrução n.º 4 de Alicante. 
 
Foram ainda apreendidas 153 contas bancárias e recuperados 114.366 euros provenientes das fraudes cometidas pelo grupo. 
 
A operação contou com a colaboração da Procuradoria da Criminalidade Informática de Alicante, da EUROPOL e das polícias de 22 países. 

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