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Timor-Leste "não pode ficar calado" com o que se passa em Gaza

O Presidente timorense, José Ramos-Horta, afirmou que Timor-Leste "não pode ficar calado" com o que se passa em Gaza e defendeu que tanto o primeiro-ministro israelita, como o Hamas, deviam ser acusados por crimes de guerra.

Timor-Leste "não pode ficar calado" com o que se passa em Gaza
Notícias ao Minuto

09:38 - 11/04/24 por Lusa

Mundo Timor-Leste

"Timor-Leste, país democrático, que se orgulha e aceita a sua obrigação como Estado livre e independente de advogar pela causa dos direitos humanos, não pode ficar calado com o que se passa em Gaza, é inaceitável", disse José Ramos-Horta, em entrevista à Lusa.

O chefe de Estado timorense criticou o procurador-geral do Tribunal Penal Internacional, Kharim Khan, bem como a comunidade internacional, que, salientou, "nunca desceu tão baixo" e defendeu que quer o primeiro-ministro israelita, Benjamim Netanyahu, quer o Hamas, deveriam ser "indiciados por crimes de guerra".

"Fico chocado, mas não estou surpreendido, que o procurador-geral, com grande celeridade, indiciou o Presidente [russo] Putin pelos alegados crimes de raptos de crianças na Ucrânia, digo alegados porque até agora ainda não foi julgado", afirmou José Ramos-Horta.

"No caso de Gaza, com as evidências apresentadas de dezenas de fontes credíveis, evidências visuais, orais, incluindo da Unicef [Fundo das Nações Unidas para a Infância], o procurador-geral está em silêncio, por ser Israel", continuou.

Para Ramos-Horta, "além da irrelevância do Conselho de Segurança, a inatividade, o silêncio do procurador-geral do TPI e o que a comunidade internacional permite a Israel fazer em Gaza, causa uma profunda consternação e revolta".

Em relação ao Hamas, o Presidente timorense afirmou que "nunca foi um movimento democrático" e que "mal a Autoridade Palestiniana foi criada" fez de tudo para a expulsar de Gaza.

"Não há justificação intelectual, académica e muito menos moral para o que o Hamas fez no dia 07 outubro de massacrar civis israelitas e, se tinha alguma autoridade, desapareceu com o 07 de outubro, mas a barbaridade perpetrada pelo Hamas não justifica os bombardeamentos de Gaza", defendeu.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi desencadeado por um ataque realizado em outubro do ano passado pelo movimento islamita palestiniano.

Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria, civis, e sequestradas cerca de 240 pessoas, das quais uma grande parte continua na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, tem bombardeado a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas mais de 30.000 pessoas, também maioritariamente civis e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas.

Em relação ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, o prémio Nobel da Paz disse ser uma "tragédia colossal" para ambos os países.

"Destruição da Ucrânia e um grande drama para a Europa. Fragiliza a Europa enormemente e depois vemos uma Europa sem liderança, não quero ofender nenhum Presidente, nem primeiro-ministro europeu", disse.

"A Europa vai perder a guerra da Ucrânia, a Rússia pode perder a guerra. Nem a Rússia quer antever uma derrota, a Europa não pode contemplar uma vitória e têm de arranjar uma solução em que todos ganhem e que restaure a paz para o povo ucraniano", considerou o chefe de Estado timorense.

A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022, com o argumento de proteger as minorias separatistas pró-russas no leste e "desnazificar" o país vizinho, independente desde 1991, após a desagregação da antiga União Soviética, e que tem vindo a afastar-se do espaço de influência de Moscovo e a aproximar-se da Europa e do Ocidente.

A guerra na Ucrânia já provocou dezenas de milhares de mortos de ambos os lados, e os dois beligerantes mantêm-se irredutíveis nas suas posições territoriais e sem abertura para cedências negociais.

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