As polícias de Itália, Áustria, Roménia e Eslováquia detiveram hoje 22 pessoas, no âmbito de uma investigação sobre o alegado desvio de 600 milhões de euros de fundos de ajuda pós-pandemia da União Europeia (UE).

Esta verba fazia parte dos fundos italianos pós-pandemia de Covid-19, anunciou a Procuradoria Europeia (EPPO).

O Ministério Público europeu suspeita que uma organização criminosa tenha desviado os fundos não reembolsáveis do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) italiano entre 2021 e 2023.

De acordo com a investigação, a fraude terá sido perpetrada por um "grupo criminoso" com a ajuda de vários testas-de-ferro e quatro empresários.

O programa italiano é financiado pelo Mecanismo de Recuperação e Resiliência da UE, um plano de vários milhares de milhões de euros que foi concebido para ajudar os países do bloco europeu a dar uma nova vida às suas economias devastadas pelo novo coronavírus.

De acordo com os dados da UE, o plano nacional de recuperação e resiliência da Itália é o maior do bloco, no valor de 194,4 mil milhões de euros em subvenções e empréstimos, representando 10,8% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2019.

A EPPO disse que a polícia fiscal italiana executou uma ordem de congelamento emitida pelo juiz de instrução sobre ativos no valor de mais de 600 milhões de euros.

"Com o apoio das agências de aplicação da lei dos outros Estados-membros envolvidos, 22 pessoas foram detidas em Itália, Áustria, Roménia e Eslováquia", afirmou a Procuradoria Europeia.

No total, oito pessoas foram colocadas em prisão preventiva, 14 foram colocadas em prisão domiciliária e duas foram proibidas de exercer atividades comerciais.

A todos eles foram apreendidos bens no valor de 600 milhões de euros, incluindo moradias, "somas significativas" de criptomoedas, relógios de alta gama, joias, ouro e carros de luxo. Segundo a imprensa estrangeira, entre as apreensões estavam relógios rolex, ouro, joias, bem como vários carros, incluindo um Lamborghini, um Porsche e um Audi Q8.

O plano terá envolvido, numa primeira fase, vários projetos de "dezenas de milhões" de euros financiados pelo PNRR nos setores da digitalização do sistema de produção fornecidos pela empresa SIMEST, que pertence ao banco público Cassa Depositi e Prestiti e que ajuda as empresas italianas a internacionalizarem-se.

A SIMEST, de acordo com a declaração da polícia fiscal, prestou assistência às autoridades financeiras durante as investigações.

Mais tarde, a investigação revelou que a mesma organização, muitas vezes através das mesmas empresas, criou créditos inexistentes para o setor da construção, atraindo subsídios para a renovação de fachadas e para o apoio à capitalização de empresas no valor de cerca de 600 milhões de euros.

As autoridades descobriram um esquema de branqueamento de capitais através de uma rede "complexa e articulada" de empresas-fantasma na Áustria, Eslováquia e Roménia.

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