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Pressões políticas internas acentuam divisões entre Biden e Netanyahu

As pressões políticas internas estão a alargar um fosso entre o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sobre a atuação de Israel na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.

Pressões políticas internas acentuam divisões entre Biden e Netanyahu
Notícias ao Minuto

08:27 - 30/03/24 por Lusa

Mundo Pontos Essenciais

Segundo o jornal New York Times, a guerra na Faixa de Gaza e a prometida ofensiva israelita contra Rafah (sul do enclave e junto à fronteira com o Egito), uma das "linhas vermelhas" traçada por Biden e pela maioria da comunidade ocidental, tem afetado gravemente as relações bilaterais, com a agravante de os dois líderes terem aliados internos que os querem afastar ainda mais.

RELAÇÕES BIDEN/NETANYAHU EM BAIXO

As relações entre Biden e Netanyahu parecem ter descido a um novo nível, com ambos os homens fortemente pressionados pela política interna e pelas eleições que se aproximam.

Biden está a enfrentar a indignação de aliados globais e dos seus próprios apoiantes sobre o número de mortes de civis na guerra contra o grupo islamita palestiniano e as restrições de Israel à entrada de alimentos e medicamentos em Gaza.

Na segunda-feira, Biden permitiu que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse uma resolução exigindo um cessar-fogo imediato em Gaza, já que o embaixador dos EUA se absteve em vez de vetar a medida, como Washington fez no passado.

Em resposta, Netanyahu, que está a tentar manter no poder o seu governo de coligação de extrema-direita, cancelou uma delegação de alto nível que se deslocava a Washington para se reunir com responsáveis norte-americanos e discutir alternativas a uma planeada ofensiva israelita em Rafah, a cidade do sul de Gaza onde mais de um milhão de pessoas procuraram refúgio.

Netanyahu, no entanto, permitiu que o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, permanecesse em Washington para conversações com altos funcionários da administração Biden.

NETANYAHU CRITICADO POR PARCEIROS DA COLIGAÇÃO

Netanyahu está a ser fortemente criticado pelos seus parceiros de coligação Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich por qualquer indício de que esteja a hesitar na guerra contra o Hamas ou na expansão dos colonatos israelitas na Cisjordânia ocupada. 

O seu governo em tempo de guerra também está profundamente dividido em relação à proposta de legislação que poderia acabar por recrutar mais israelitas ultraortodoxos, conhecidos como 'haredim', para as forças armadas - uma votação que foi subitamente adiada na manhã de terça-feira.

Pelo menos por agora, a sobrevivência política de Netanyahu depende da manutenção de Ben-Gvir e Smotrich na coligação. Se deixarem o governo, isso obrigaria a eleições antecipadas em Israel, que Netanyahu muito provavelmente perderia para o seu rival centrista, Benny Gantz.

Novas eleições são precisamente o que o senador Chuck Schumer, democrata de Nova Iorque e líder da maioria, pediu num discurso recente, no qual afirmou que Netanyahu era um impedimento à paz. Biden considerou-o "um bom discurso", sem apoiar a convocação de eleições.

ESTRATÉGIA POLÍTICA DE NETANYAHU É ATACAR BIDEN

Netanyahu e seus parceiros de extrema-direita têm feito comentários cada vez mais duros criticando a administração Biden. Numa entrevista recente, Ben-Gvir, o ministro da Segurança Nacional, acusou Biden de apoiar tacitamente os inimigos de Israel, como Yahya Sinwar, líder do Hamas em Gaza, e Rashida Tlaib, uma congressista democrata de ascendência palestiniana que representa um distrito de Michigan.

"Atualmente, Biden prefere a linha de Rashida Tlaib e Sinwar à linha de Benjamin Netanyahu e Ben-Gvir. Eu esperava que o presidente dos Estados Unidos não seguisse a linha deles, mas sim a nossa", disse o próprio ministro da Segurança Nacional israelita numa entrevista.

Ao tentar pressionar Israel, Biden está "enormemente enganado", disse Ben-Gvir, acrescentando que o Presidente norte-americano procurou constantemente impor restrições a Telavive, argumentando com os direitos do outro lado, que incluem, disse o ministro israelita, "muitos terroristas que querem destruir" o país.

Nesse sentido, é a ação de Biden sobre a resolução do Conselho de Segurança que parece ser mais política do que substantiva, com os seus próprios funcionários a insistirem que a política norte-americana não mudou.

DIVERGÊNCIAS NÃO AFETAM FORNECIMENTO DE ARMAS

O governo dos Estado Unidos continua comprometido em apoiar Israel, e não houve nenhum indício de que poderia reduzir o fornecimento de armas a Telavive. 

A abstenção da ONU não equivale a um veto norte-americano à campanha militar de Israel contra o Hamas em Rafah, embora sublinhe o desejo de Washington e dos aliados de que Netanyahu apresente primeiro um plano pormenorizado para poupar os civis que ali se escondem.

Mas Biden também está consciente do azedume das atitudes em relação a Israel no seu próprio Partido Democrata, o que prejudica o seu apoio nos estados em que está a disputar a reeleição com, ao que tudo indica, o rival republicano Donald Trump, ao longo do extenso processo de campanha eleitoral para as presidenciais norte-americanas de novembro. 

Leia Também: Biden e Netanyahu conversaram pela primeira vez num mês

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