"A Autoridade Palestiniana foi e continua a ser um parceiro importante da UE, também para o futuro de Gaza. A UE continuará a ser um importante doador para a Autoridade Palestiniana e para o povo palestiniano, com o objetivo de promover a construção do Estado palestiniano em consonância com o objetivo de uma solução negociada de dois Estados", destacou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.

Em comunicado, o alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança lembrou que a nomeação ocorre num "momento crítico de grande sofrimento para o povo palestiniano".

"Mais do que nunca, o povo palestiniano precisa de instituições bem governadas que prestem serviços tão necessários nestes tempos difíceis", destacou.

"Esperamos continuar a nossa cooperação com o novo governo, inclusive na abordagem da trágica situação em Gaza, e trabalhar em reformas fundamentais no sentido de instituições e governação democráticas mais fortes, em benefício do povo palestiniano na Cisjordânia e em Gaza", acrescentou o diplomata espanhol.

Borrell deixou ainda uma nota de agradecimento ao antigo primeiro-ministro Mohammad Shtayyeh pelo seu "mandato e trabalho para promover a parceria palestiniana com a UE".

Mohammad Mustafa, até agora conselheiro económico do Presidente Mahmoud Abbas, foi nomeado na quinta-feira primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, com a missão de formar Governo, quase um mês após a demissão do anterior chefe do executivo.

Mustafa, antigo ministro da Economia, formado nos Estados Unidos e com vasta experiência internacional no Banco Mundial, tem a tarefa de formar um Governo tecnocrático, que será o 19.º executivo da Autoridade Palestiniana, tendo sido incumbido de preparar planos para reunificar a administração da Cisjordânia ocupada e de Gaza e de liderar reformas no governo, nas forças de segurança, na economia e na luta contra a corrupção.

A nomeação de Mustafa surge quase um mês depois do pedido de demissão do anterior primeiro-ministro, Mohamad Shtayé, que tinha descartado a possibilidade de a Autoridade Palestiniana voltar a controlar Gaza após o fim do conflito entre Israel e o Hamas, se não houver um processo de paz que conduza à criação de um Estado palestiniano, com Jerusalém como capital.

Gaza está nas mãos do Hamas desde 2007, na sequência dos combates intra-palestinianos após as eleições de 2006, vencidas pelo grupo islamita.

A vitória do Hamas não foi reconhecida pelos Estados Unidos e por Israel, uma medida apoiada pela Autoridade Palestiniana.

O mandato de Abbas terminou em 2009, mas este recusa-se a realizar eleições, culpando as restrições impostas por Israel.

O movimento islamita Hamas criticou hoje, num comunicado apoiado também por outros grupos como a Jihad Islâmica e a Iniciativa Nacional Palestiniana, a nomeação de um novo primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, considerando que aprofunda a divisão entre palestinianos quando é necessária unidade contra a "guerra de extermínio lançada pela ocupação em Gaza".

Israel e o Hamas estão em guerra desde 07 de outubro de 2023, quando operacionais do grupo islamita palestiniano fizeram um ataque sem precedentes em solo israelita, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando cerca de 240 outras.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva militar na Faixa de Gaza que já causou cerca de 31.500 mortos, segundo o governo do Hamas.

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