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Arménia e Azerbaijão negoceiam paz em Berlim após fracasso em Granada

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Arménia, Ararat Mirzoyan, e o seu homólogo azeri, Jeyhun Bayramov, reuniram-se hoje em Berlim em novas negociações de paz, com a chefe da diplomacia alemã, Annalena Baerbock, como garante.

Arménia e Azerbaijão negoceiam paz em Berlim após fracasso em Granada
Notícias ao Minuto

18:20 - 28/02/24 por Lusa

Mundo Negociações

Esta reunião segue-se à anulação do encontro que os dois responsáveis deveriam ter mantido em Granada (Espanha).

A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros arménio, Ani Badalian, indicou na rede social X que as delegações arménia e azeri se encontraram na emblemática Villa Borsig da capital alemã.

Previamente, Baerbock manteve uma reunião com Mirzoyan onde foram abordadas "questões chave do processo de normalização" com o Azerbaijão "refletidas na declaração de Granada de outubro de 2023", como o desbloqueio das vias de comunicação.

O encontro ocorreu após o primeiro-ministro arménio, Nikol Pashinián, e o Presidente azeri, Ilham Aliyev, terem concordado em 17 de fevereiro, durante uma reunião na presença do chanceler alemão, Olaf Scholz, no prosseguimento das negociações de paz.

A reunião de Granada deveria decorrer cerca de duas semanas após o Azerbaijão ter garantido a reintegração do enclave do Nagorno-Karabakh, que durante três décadas permaneceu sob controlo arménio apesar de ser reconhecido internacionalmente como território azeri.

Ilham Aliyev e o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, cancelaram à última hora a sua participação no encontro -- que seria realizado no âmbito da cimeira da Comunidade Política Europeia (CPE) -- devido aos receios do Presidente francês Emmanuel Macron sobre a participação direta da Turquia, proposta por Baku.

Até momento, os mais recentes encontros entre as partes decorreram sob os auspícios de Charles Michel, presidente do Conselho Europeu. O Azerbaijão apenas admitia o regresso à mesa negocial através de uma solução tripartida com presença da União Europeia, mas sem a França.

Paris tem-se afirmado um aliado decisivo da Arménia, inclusive em termos de ajuda militar. Na semana passada, os dois países assinaram um contrato para a compra de armas e de um programa de treino para as forças arménias.

Por esse motivo, as autoridades do Azerbaijão questionaram a função da França como mediador nas negociações de paz motivadas pelo conflito do Nagorno-Karabakh, uma região que historicamente possuía maioria de população arménia mas recuperada após a ofensiva azeri de setembro passado.

O novo diálogo de Berlim ocorre após a morte de quatro soldados arménios por disparos do Exército azeri contra a localidade de Nerkin Hand (sudeste), situada perto da fronteira comum. A parte azeri acusou Erevan de disparar contra as suas posições na zona norte.

Baku e Erevan estão envolvidos há décadas num conflito territorial relacionado com a região do Nagorno-Karabakh, um enclave que possuía uma maioria de população arménia e situado em território azeri, e que Baku reconquistou em setembro após uma ofensiva relâmpago contra os separatistas arménios.

A quase totalidade da população arménia da região, cerca de 100.000 pessoas num total de 120.000, optou por se refugiar na Arménia com receio de represálias.

Na fronteira oficial entre os dois países também têm ocorrido incidentes armados, muitas vezes mortíferos.

As conversações de paz entre as duas ex-repúblicas soviéticas estão bloqueadas, apesar de os seus dirigentes terem admitido a assinatura de um acordo de paz global até ao final de dezembro.

Em meados de novembro, o Azerbaijão tinha já recusado participar nas conversações de paz com a Arménia, previstas para os Estados Unidos durante esse mês, ao invocar uma posição "parcial" de Washington após declarações do secretário de Estado adjunto norte-americano, James O'Brien.

Após o final do império czarista russo em 1917, esta região montanhosa com larga maioria de população arménia, que a considera ancestral, foi integrada no Azerbaijão. Em 1991, proclamou unilateralmente a independência após a queda da União Soviética, com o apoio da Arménia.

Os separatistas do Nagorno-Karabakh opuseram-se durante mais de três décadas a Baku, em particular no decurso de duas guerras entre 1988 e 1994, e no outono de 2020. A autoproclamada república nunca foi reconhecida pelas instâncias internacionais.

Leia Também: Terrorista procurada há 30 anos detida em Berlim "sem resistência"

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