O ministro da Imigração do Reino Unido, Robert Jenrick, demitiu-se, esta quarta-feira. "É com grande tristeza que escrevi ao primeiro-ministro para apresentar a minha demissão como ministro da Imigração", revelou, numa publicação divulgada na rede social X (antigo Twitter), na qual partilhou também a sua carta de demissão.
"Não posso continuar na minha posição quando tenho divergências tão fortes com a direção da política do governo em matéria de imigração", acrescentou.
Note-se que a demissão surge depois de o governo britânico ter publicado uma legislação de emergência destinada a pôr em funcionamento o esquema para deportar para o Ruanda os imigrantes ilegais que estejam a viver no Reino Unido.
A informação da demissão também já tinha sido confirmada pelo ministro do Interior, James Cleverly, após terem sido avançadas várias notícias sobre o tema na imprensa.
It is with great sadness that I have written to the Prime Minister to tender my resignation as Minister for Immigration.
— Robert Jenrick (@RobertJenrick) December 6, 2023
I cannot continue in my position when I have such strong disagreements with the direction of the Government’s policy on immigration. pic.twitter.com/Zg3ezFJr8t
Jenrick era ministro da Imigração desde outubro do ano passado.
Esta demissão aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro, Rishi Sunak, convocado a ser ainda mais duro na luta contra a imigração ilegal pela ala direita do seu partido, sob pena de ser eliminado nas próximas eleições legislativas.
A demissão de Jenrick ocorre apenas um dia depois de ter sido assinado o novo acordo migratório com o Ruanda, um novo pacto que resolve as dúvidas levantadas pelo Supremo Tribunal relativamente à iniciativa anterior, especialmente no que diz respeito ao regresso ao país de origem daqueles realocados em território ruandês.
Em meados de novembro, o Supremo Tribunal derrubou uma das principais medidas do Governo de Rishi Sunak, que propunha o fretamento de voos com migrantes para o Ruanda para reduzir a carga migratória no Reino Unido.
Os juízes não foram claros se o Ruanda poderia ser considerado para efeitos legais como um país seguro para este tipo de medidas, questionado por organizações de direitos humanos.
O novo acordo garante que os migrantes que chegam ao Ruanda "não correm o risco de serem devolvidos a um país onde a sua vida ou liberdade esteja ameaçada" e propõe que uma comissão independente supervisione, entre outras questões, as condições em que os migrantes são recebidos ou o processo pelo qual os seus pedidos de asilo são analisados.
O Ruanda alertou hoje que se irá retirar do tratado que visa acolher os migrantes que cheguem ilegalmente ao Reino Unido, caso Londres não respeite o direito internacional.
[Notícia atualizada às 21h44]
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