Brian Laundrie, que assassinou a noiva, Gabby Petito, no verão de 2021, terá informado os pais que a jovem de 22 anos estava "morta" cerca de 13 dias antes de a influencer ter sido dada como desaparecida. Segundo documentos divulgados em tribunal, o jovem de 23 anos pediu ainda à família para que contactasse um advogado.

Recorde-se que os pais de Gabby Petito, Joe Petito e Nichole Schmidt, estão a processar Roberta e Christopher Laundrie por danos emocionais, alegando que os pais do noivo da filha recusaram atender as suas chamadas e mensagens quando esta desapareceu. Além disso, acreditam que a família tinha conhecimento de que o filho tinha assassinado a jovem.

Num documento apresentado a 30 de novembro no âmbito do processo, a família da influencer acusou Brian de ter feito um "telefonema frenético" para os pais, a 29 de agosto de 2021, no qual os informou de que Gabby estava "morta" e de que precisava de um advogado, noticiou a NBC News.

Esta chamada ocorreu, assim, 13 dias antes de a jovem ter sido dada como desaparecida, a 11 de setembro de 2021.

"A 29 de agosto de 2021, Christopher Laundrie e Roberta Laundrie conversaram com Steven Bertolino, informando-o de que Gabrielle Petito havia ‘morrido’, que Brian Laundrie precisava de um advogado, e enviaram-lhe um adiantamento a 2 de setembro de 2021", denunciou o documento, divulgado na segunda-feira pelo advogado da família Petito, Pat Reilly.

De acordo com o mesmo meio, Bertolino terá celebrado um acordo de honorários com o escritório de advocacia de defesa criminal Fleener Peterson LLC, em Laramie, Wyoming, para representar Laundrie, a 2 de setembro de 2021. Também terá contactado outros advogados naquele estado norte-americano, incluindo no mesmo condado onde o corpo de Petito foi encontrado.

Já no dia 30 de agosto de 2021, Brian terá enviado uma mensagem de texto do telefone de Gabby para a mãe da jovem, informando-a de que não havia rede no Parque Nacional de Yosemite, para "enganar Nichole Schmidt e fazê-la acreditar que Gabrielle Petito ainda estava viva".

A defesa da família Petito criticou ainda uma declaração da família Laundrie, feita através do seu advogado, que expressava apoio pelas buscas por Gabby no Parque Nacional Grand Teton, assim como esperança de que a jovem fosse encontrada e se reunisse com os seus entes queridos.

"Para os Laundrie e Steven Bertolino expressarem a sua 'esperança' de que Gabrielle Petito fosse localizada e reunida com a sua família, quando sabiam que tinha sido assassinada por Brian Laundrie, é mais do que ultrajante", apontaram os documentos.

O processo diz ainda que as declarações do advogado e dos Laundrie foram "intencionais ou imprudentes" e causaram sofrimento emocional à família Petito, acrescentando que a sua conduta foi "odiosa e totalmente intolerável numa comunidade civilizada".

Está agendada uma nova audiência para maio, depois deste depoimento ter sido realizado em outubro.

De notar que a família de Gabby está, também, a processar a polícia de Moab, tanto por negligência na contratação e treino dos seus agentes, como pela forma como os seus efetivos lidaram com uma denúncia por violência doméstica, a 12 de agosto daquele ano.

Na altura, uma testemunha disse ter visto Brian a agredir Gabby, tentando tirar-lhe o telemóvel e deixá-la em frente a uma mercearia de Moab. Mais tarde, as autoridades localizaram o casal, tendo a jovem confessado que andavam a discutir mais frequentemente e que tinha agredido Brian numa dessas ocasiões.

Os agentes consideraram, por isso, que a influencer era a agressora na situação, apesar do seu estado fragilizado, recomendando que passassem a noite separados. Na verdade, uma fotografia divulgada pelos advogados da família Petito mostra hematomas, cortes e sangue na cara de Gabby, que terão sido ignorados pelas autoridades, na ótica dos seus entes queridos.

O casal partiu, em julho de 2021, numa viagem pelo país, para visitar os parques nacionais dos Estados Unidos. No entanto, Brian regressou à Florida sozinho, no dia 1 de setembro, o que desencadeou uma busca desenfreada por Gabby, após o alerta da família, no dia 11 de setembro.

O corpo da jovem viria a ser encontrado no Parque Nacional de Grand Teton, a 19 de setembro. Segundo o médico legista, Gabby, que tinha sinais de estrangulamento, foi morta três a quatro semanas antes de ter sido encontrada, pelo que os pais da jovem acreditam que a filha foi assassinada no dia 27 de agosto, de acordo com o processo judicial.

Também Brian acabou por desaparecer, tendo sido encontrado morto numa reserva natural daquele estado norte-americano, alegadamente por suicídio. Perto do local, as autoridades localizaram ainda um caderno em que o jovem confessava ser o responsável pela morte de Gabby, de quem estava noivo.

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