Um juiz do Supremo Tribunal britânico decidiu, esta quarta-feira, que o suporte de vida de uma bebé de 8 meses, em estado terminal, deve ser retirado, apesar dos esforços dos pais da criança e do governo italiano para a transportar para Itália para receber tratamento adicional.
Os pais da bebé Indi Gregory, que sofre de uma doença mitocondrial, têm travado batalhas legais na tentativa de manter o suporte de vida para a sua filha. No entanto, o juiz decidiu que os médicos podem legalmente limitar o tratamento invasivo de suporte de vida, porque a continuação do tratamento não seria no melhor interesse da criança.
A disputa legal é a mais recente de uma série de casos semelhantes na Grã-Bretanha, em que médicos e pais se confrontam sobre o tratamento de crianças com doenças terminais e sobre os direitos e responsabilidades dos pais e dos profissionais de saúde.
Numa decisão escrita, o juiz Robert Peel afirmou, citado pela ABC News, que aceitava as provas dos médicos especialistas do Queen's Medical Center, em Nottingham, Inglaterra, que defendiam que o tratamento de Indi deveria ser retirado.
Os pais da criança esperavam levá-la de avião para Itália - onde o hospital pediátrico do Vaticano, Bambino Gesu, se ofereceu para cuidar dela - ou, caso contrário, trazê-la para casa para receber os cuidados necessários para a doença terminal.
Peel decidiu que era "demasiado perigoso" mandar o bebé para casa "dadas as complicações clínicas". "Há uma série de fatores que tornam a retirada da entubação e os cuidados paliativos na casa da família praticamente impossíveis, e certamente contrários aos melhores interesses (de Indi)", esclareceu.
O juiz afirmou ainda que a sua decisão se baseou nas conclusões de que Indi estava gravemente doente, não tinha perspetivas de melhoria e tinha uma "qualidade de vida extremamente limitada", combinada com provas de que sentia dores frequentes como resultado do seu tratamento.
Já na semana passada, um juiz tinha decidido que a transferência para Itália também não seria no melhor interesse do bebé e os juízes do Tribunal de Recurso apoiaram essa decisão.
No entanto, o governo italiano, esta semana, tinha-se oferecido para transportar Indi de avião para o hospital do Vaticano e pagar por qualquer tratamento em Itália e concedeu a cidadania Indi para ajudar a facilitar o seu transporte e tratamento. Nada foi suficiente para mudar a decisão do juiz.
O grupo de campanha Christian Concern, que apoia os pais de Indi, afirmou que os pais tencionam recorrer da decisão. O grupo também referiu que o diretor-geral do hospital italiano, que foi nomeado tutor de Indi, estava a tentar obter uma reunião urgente com o Queen's Medical Center esta quarta-feira.
Indi, que nasceu a 24 de fevereiro em Nottingham, no centro da Inglaterra, sofre de doença mitocondrial, uma condição que impede as células do corpo de produzir energia e para a qual não há cura, segundo as autoridades de saúde britânicas.
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