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"Processos que envolvem as mulheres conduzem a uma paz mais duradoura"

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu hoje medidas concretas para garantir a "participação plena, igual e significativa" das mulheres nos processos de decisão a todos os níveis em matérias relacionadas com a paz e segurança.

"Processos que envolvem as mulheres conduzem a uma paz mais duradoura"
Notícias ao Minuto

17:36 - 25/10/23 por Marta Moreira

Mundo António Guterres

Participação essa que também deve estender-se à vida política e civil, segundo o representante.

No debate anual do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) sobre "mulheres, paz e segurança", António Guterres defendeu a necessidade de se promover uma representação justa nos Governos, gabinetes e parlamentos nacionais e locais.

"Fui primeiro-ministro e líder de um partido político. Sei que quotas, metas e incentivos funcionam", afirmou o ex-primeiro-ministro português e ex-secretário-geral do Partido Socialista.

Ao atual ritmo de progresso, segundo observou o secretário-geral da ONU, demorará quase meio século até que as mulheres estejam representadas de forma justa nos parlamentos nacionais.

"Abordar esta questão não é um favor para as mulheres. É uma questão de direitos, justiça e pragmatismo. Estar ao lado das mulheres é bom para o mundo. Sabemos que os processos que envolvem as mulheres conduzem a uma paz mais duradoura", frisou.

De acordo com António Guterres, os parlamentos com igualdade de género têm maior probabilidade de aumentar os gastos com saúde, educação e proteção social, e de reduzir a corrupção.

Na mesma intervenção, o líder da ONU defendeu que o mundo precisa também de legislação robusta e abrangente para combater a violência contra as mulheres, "tanto 'online' como 'offline'", e para pôr fim à impunidade dos perpetradores.

"Vivemos num mundo dominado pelos homens, com uma cultura dominada pelos homens. Séculos de patriarcado são um enorme obstáculo à igualdade de género e, por sua vez, a uma cultura de paz", admitiu.

De acordo com as Nações Unidas, a população feminina mundial que vive atualmente em países ameaçados por conflitos aumentou 50% em comparação com 2017.

Entre os países mencionados por Guterres onde os direitos das mulheres e das raparigas estão ameaçados pelo autoritarismo e pela insegurança constam o Sudão e o Haiti, onde a população feminina é brutalizada e aterrorizada pela violência sexual, e o Afeganistão, onde a negação dos direitos básicos das mulheres está a destruir vidas.

"E as mulheres e raparigas que fogem da invasão russa da Ucrânia correm o risco de serem vítimas de traficantes e abusadores. No Médio Oriente, as mulheres e as raparigas são desproporcionalmente afetadas pela violência, pelo derrame de sangue e pela deslocação em curso", prosseguiu o secretário-geral da ONU.

Mulheres e meninas estão entre as muitas vítimas das atrocidades brutais cometidas pelo grupo islamita Hamas, referiu ainda Guterres, acrescentando ainda que as mulheres e as crianças são mais de metade das vítimas dos bombardeamentos conduzidos pelas forças israelitas na Faixa de Gaza nas últimas semanas.

"Este cenário sombrio dá uma urgência renovada aos esforços para garantir a participação plena e significativa das mulheres na paz e na segurança", disse Guterres perante o corpo diplomático presente no debate.

Guterres denunciou ainda que pelo menos sete mulheres que falaram perante o Conselho de Segurança da ONU no ano passado relataram ter enfrentado represálias por terem feito tais intervenções.

O ex-primeiro-ministro português defendeu também que se a comunidade internacional quiser apoiar as mulheres na promoção da mudança, é necessário financiamento.

No entanto, alertou o representante, os números mais recentes mostram que o financiamento da ajuda à igualdade de género em conflitos está a diminuir.

"Chega de paralisações, chega de desaceleração, chega de atrasos. Precisamos de apoiar os agentes de mudança (...). O estado do mundo exige isso. E as mulheres e as meninas, com razão, não esperam menos do que isso", concluiu Guterres.

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