Na X, Hegseth publicou uma mensagem em que classificou o programa do Departamento da Defesa intitulado "Women, Peace & Security" (Mulheres, Paz & Segurança) como "um programa das NAÇÕES UNIDAS promovido pelas feministas e ativistas de esquerda. Os políticos adulavam-no; os militares ODIAVAM-NO".
A senadora democrata Jeanne Shaheen, eleita pelo Estado do New Hampshire, reagiu de imediato considerando que "Hegseth não tem a mínima ideia do que está a fazer".
Na realidade, esta é uma legislação bipartidária, assinada como lei por Trump em 2017, que reconhece o papel que as mulheres têm na materialização de objetivos de segurança, em particular em situações no estrangeiro, onde os seus pares masculinos, por razões culturais, podem não ser capazes de falar com as mulheres ou, por motivos religiosos, não ter acesso direto às mulheres.
Os próprios membros do governo de Trump, na altura, apoiaram o programa durante o processo legislativo.
Este mês, o general Dan Caine, o novo presidente do Estado-Maior Conjunto, disse no Congresso que o programa ajudou as tropas em combate.
"Quando vamos para o terreno depois de concluir um ataque, temos efetivos mulheres que falam com as mulheres e as crianças que estão no objetivo e ajudam a perceber o terreno humano de uma maneira nova e inovadora", afirmou Caine, durante a sua audição de confirmação.
Trump conheceu Caine quando este estava destacado no Iraque.
A secretária da Segurança Interna, Kristi Noem, que na altura era congressista eleita pelo Estado do Dacota do Sul, escreveu, redigiu, em 2017, a versão da Câmara dos Representantes da proposta de lei Mulheres, Paz & Segurança com o democrata Jan Schakowsky, eleito pelo Illinois.
E já este mês, o secretário de Estado Marco Rubio, que enquanto senador apadrinhou da proposta legislativa, disse que esta era "a primeira lei aprovada por qualquer país focado na proteção das mulheres e na promoção da sua participação na sociedade".
A proposta decorreu de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, aprovada por unanimidade, em 2000, para incluir as mulheres nos esforços de paz, dado que são as mulheres e as crianças que mais sofrem com os conflitos.
"Não é segredo que as mulheres continuam na periferia dos processos formais de paz e tomada de decisão, o que não é bom para", disse Stephane Dujarric, porta-voz da ONU, em resposta aos comentários de Hegseth.
Dujarric acrescentou que "um dos impactos na vida real do Programa Mulheres, Paz & Segurança tem sido o aumento crescente das mulheres nos 'capacetes azuis' que servem nas missões da ONU, que têm tido um impacto muito claro, quantificável e positivo na proteção dos civis nas zonas de conflito".
A mensagem de Hegseth suscitou reações dos senadores democratas, que continuam a questionar as suas qualificações para o cargo e as recorrentes consequências do seu uso da aplicação comercial Signal para partilhar informação sobre operações militares com outros dirigentes, a esposa e o irmão.
Depois de ler a mensagem de Hegseth em voz alta durante uma audição no Congresso, o senador democrata Tim Kaine, eleito pelo Estado da Virgínia, disse: "Este 'tweet' contém algumas imprecisões gritantes que estão muito abaixo do padrão que se deve esperar do Departamento da Defesa".
O programa foi considerado por Hegseth como "outra iniciativa de Biden que sobrecarrega os nossos comandantes e militares", tendo prometido eliminá-lo.
Porém, este mesmo programa foi celebrado por Trump, o seu governo e até a sua família.
Tornou-se símbolo proclamado do esforço do primeiro governo Trump para favorecer as mulheres e a sua esposa, Ivanka Trump, em 2019, celebrou o facto de o programa ter permitido uma parceria para treinar mulheres na academia de polícia da Colômbia.
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