Para alguns norte-americanos, o fim da Guerra do Vietname ainda se sente

A Guerra do Vietname impactou profundamente a sociedade norte-americana e, para alguns, a guerra, que terminou efetivamente com a queda de Saigão há 50 anos, em 30 de abril de 1975, continua a moldar as suas vidas.

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Lusa
30/04/2025 06:43 ‧ há 3 horas por Lusa

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Vietname

Os impactos na sociedade norte-americana vão desde a aprovação da Resolução sobre os Poderes de Guerra, que restringe a capacidade do Presidente de enviar tropas para combates prolongados sem a aprovação do Congresso, até à consolidação dos campus universitários como centros de ativismo estudantil.

 

Milhões de soldados norte-americano combateram no Vietname. Entre as pessoas impactadas pela guerra, uma mulher continua dedicada a recuperar os restos mortais do pai depois de o bombardeiro que pilotava ter desaparecido no Golfo de Tonkin, no Vietname, noticiou na terça-feira a agência Associated Press (AP).

Jeanie Jacobs Huffman dedicou a sua vida a encontrar o avião e a recuperar os seus restos mortais e os dos seus dois tripulantes.

Faz também parte do conselho de administração da Mission: POW-MIA, um grupo sem fins lucrativos dedicado a encontrar americanos desaparecidos de conflitos passados.

"É muita saudade, um vazio enorme na minha vida", destacou, começando a chorar.

Fotógrafa profissional, Huffman fez um cartaz com os rostos dos 1.573 militares desaparecidos do Vietname.

Há um ano, visitou o Golfo de Tonkin durante uma viagem com o Instituto da Paz dos Estados Unidos, uma ONG que promove a educação e a investigação sobre conflitos para prevenir futuras guerras.

O tradutor do grupo, que era natural do Vietname do Norte e também perdeu familiares na guerra, caminhou com Huffman até à água. De mãos dadas, ambos choraram, partilhando a sua dor.

Huffman tem pressionado a Agência de Contabilidade de Prisioneiros de Guerra e Desaparecidos da Defesa para conduzir uma operação de busca subaquática no próximo ano, na esperança de recuperar o avião.

Numa outra história contada pela AP, um veterano do Vietname que foi importunado como muitos outros soldados quando regressou a casa e agora auxilia outros veteranos na zona rural do Alasca.

Para George Bennett, o caminho para a sobriedade e a saúde mental continuou muito depois de voar para casa por São Francisco, em 1968, onde os manifestantes encontraram soldados que regressavam no terminal.

Alguém gritou: "assassino de bebés". Outro cuspiu neles. Ele e os seus companheiros soldados foram mandados embora num restaurante do aeroporto.

Só mais tarde se apercebeu do quanto o Vietname o tinha mudado, porque a guerra ia contra o sentido estrito dos valores e práticas indígenas incutidos pelos seus pais.

Membro da tribo Tlingit do Alasca, Bennett acabou por receber ajuda para o alcoolismo e para a perturbação de stress pós-traumático.

Demorou 30 anos a sentir-se melhor, em grande parte graças ao apoio de Mary, a sua mulher há 55 anos. Agora é o único contacto com veteranos rurais do Alasca, ajudando-os a garantir benefícios no sistema de saúde militar.

Já uma defensora acérrima do movimento antiguerra passou décadas a defender a liberdade de expressão depois de o seu irmão ter sido ferido quando as tropas da Guarda Nacional do Ohio dispararam sobre uma multidão de manifestantes na Universidade Estadual de Kent.

Canfora acredita que o protesto ajudou a galvanizar a opinião pública, o que aceleraria a retirada das tropas norte-americanas e, por fim, levaria à queda de Saigão e ao fim da guerra.

Há uma década, Canfora visitou o Muro Memorial dos Veteranos do Vietname, em Washington, e ficou impressionado ao ver como o número de nomes dos mortos diminuiu depois de 1970.

Canfora, que ensina jornalismo na Kent State, passou a vida a partilhar as suas experiências. Destacou que as lições aprendidas são mais relevantes do que nunca no meio da repressão do Governo Trump aos manifestantes estudantis, aos receios de deportação de estudantes internacionais e ao que os críticos descrevem como ataques sem precedentes à liberdade de expressão no campus.

Leia Também: Invasão chinesa é incerta, mas Taiwan gere "assédio diário"

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