Três partidos do Tigray, unidos numa Aliança para uma Mudança Radical, apelaram à participação em manifestações hoje contra a "incompetência da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), o todo-poderoso partido no poder, e a sua natureza autocrática".
Várias dezenas de polícias, equipados para atuar contra os manifestantes, "fecharam completamente" o local, a praça Romanat no centro de Mekele, relatou um jornalista local à AFP.
"Espancaram os manifestantes que tentaram entrar", depois de terem "prendido os organizadores" que tinham chegado mais cedo, acrescentou.
Um grande número de polícias foi destacado para a cidade e "todas as estradas que conduzem a Mekele foram fechadas. No centro, as lojas também estão fechadas e as ruas estão vazias", descreveu.
O líder do Salsay Weyane Tigray (SaWeT), Haile Kebede, um dos partidos organizadores e que pertence à aliança, disse à AFP que pelo menos 26 ativistas tinham sido presos desde o dia anterior, incluindo o presidente do SaWeT, Hayalu Godefay, e o presidente do Partido da Independência de Tigray (TIP), Dejen Mezgebe.
A TPLF tinha-se recusado a autorizar a manifestação, alegando falta de polícias disponíveis no período que antecede o Ano Novo Etíope, a 12 de setembro.
Os organizadores afirmam que, legalmente, uma declaração prévia é suficiente para se realizar o evento.
A Etiópia foi em 2022 o palco do conflito armado mais mortífero em todo o mundo desde o genocídio do Ruanda em 1994, com mais de 104 mil mortes registadas na guerra de Tigray.
A região do Tigray assistiu às mais graves batalhas de guerra em todo o mundo, com mais de 104.000 pessoas mortas entre agosto e novembro de 2022, antes das tréguas assinadas entre o Governo etíope e a TPLF.
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