O Irão e o Paquistão implementaram novas políticas em relação aos afegãos nos seus territórios, com Teerão a dar até 06 de julho a quatro milhões de afegãos que considera ilegais para abandonarem o país.
"O que estamos a assistir hoje é o êxodo indigno, desorganizado e maciço de afegãos destes dois países, o que está a colocar uma enorme pressão sobre o Afeganistão", alertou Arafat Jamal, representante do ACNUR em Cabul em videoconferência.
Jamal reconheceu que a organização está preocupada com "a escala, a intensidade e a forma destes retornos", bem como a gestão deste fluxo, quando as autoridades afegãs declararam disponibilidade para acolher este contingente, mas estão "completamente impreparadas para o fazer".
Em termos de escala, mais de 1,6 milhões de afegãos regressaram este ano ao país, a maioria dos quais (1,3 milhões) provenientes do Irão e os restantes do Paquistão, indicou o ACNUR, ao referir que este número já supera os 1,4 milhões previstos pela agência da ONU para o total deste ano.
Embora as estimativas sejam complexas e sujeitas a alterações, o ACNUR calcula agora que "três milhões poderão regressar ao Afeganistão este ano", disse Arafat Jamal.
O ACNUR está também preocupado com as condições de regresso, com "picos de mais de 30 mil pessoas por dia" na passagem fronteiriça de Islam Qala, entre o Irão e o Afeganistão, e até 50 mil registados em 04 de julho.
"Muitos destes regressados ??chegam depois de terem sido brutalmente desenraizados, após uma viagem difícil, exaustiva e degradante. Chegam cansados, desorientados, brutalizados e muitas vezes desesperados" a centros lotados sob um calor abrasador, relatou Arafat Jamal.
A ONU tomou medidas de emergência para reforçar sistemas de água e saneamento construídos para sete mil a dez mil pessoas por dia, bem como vacinação, nutrição e espaços adequados para crianças.
Muitas pessoas que atravessaram a fronteira relataram pressões por parte das autoridades iranianas, incluindo detenções e deportações.
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