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Oposição tunisina protesta dois anos após golpe do presidente Saied

Várias centenas de pessoas manifestaram-se hoje em Tunes contra o golpe do presidente Kais Saied, que assumiu plenos poderes há dois anos, e apelaram à libertação de mais de 20 opositores e figuras proeminentes detidos desde fevereiro.

Oposição tunisina protesta dois anos após golpe do presidente Saied
Notícias ao Minuto

16:51 - 25/07/23 por Lusa

Mundo Tunísia

"Abaixo o golpe de Estado" e "liberdade para todos os opositores presos", gritaram cerca de 300 manifestantes reunidos na capital tunisina, a pedido da Frente de Salvação Nacional (FSN), a principal coligação da oposição, que inclui o partido islamita e conservador Ennahdha, crítico feroz de Saied.

Enfrentando uma vaga de calor sem precedentes na Tunísia (quase 50 graus na segunda-feira em Tunes e quase 45 hoje), os manifestantes expressaram também a sua cólera contra um "poder judicial sob ordens" do chefe de Estado.

Perante a multidão, o presidente da FSN, Ahmed Nejib Chebbi, um veterano político de 78 anos, denunciou o "fracasso total" de Saied na gestão do país, o que, sustentou, agravou a situação financeira da Tunísia.

O porta-voz do Ennahdha, Imed Khemiri, lamentou "o regresso de uma política de intimidação" que, acrescentou, "restringe a liberdade de expressão e afeta igualmente os meios de comunicação social".

"É o que o 'regime do 25 de julho' [de 2021] tem vindo a fazer nos últimos dois anos", acrescentou.

Há dois anos que a oposição organiza regularmente manifestações contra a "deriva autoritária" do presidente tunisino, desde o que qualifica como "golpe de Estado" de 25 de julho de 2021, quando dissolveu o parlamento e demitiu o primeiro-ministro.

A mobilização não cessou, mesmo depois de uma vaga de detenções lançada em fevereiro, que visou líderes políticos proeminentes, incluindo o líder do Ennahdha e antigo presidente do parlamento dissolvido, Rached Ghannouchi.

Detidos foram igualmente vários empresários, bem como o diretor da Radio Mosaïque, Noureddine Boutar, que foi entretanto libertado sob fiança.

Duas figuras da oposição, Chaima Issa e Lazhar Akremi, foram recentemente libertadas, mas todos continuam sob investigação judicial.

A maioria está a ser julgada por "conspiração contra a segurança do Estado" e foi apelidada de "terrorista" por Saied.

A crise política desencadeada pela posição de força de Saied, inicialmente apoiado por muitos tunisinos, está a preocupar as organizações não-governamentais (ONG) tunisinas e internacionais, que lamentam a regressão das liberdades.

"Desde que o presidente tomou o poder, as autoridades prosseguiram a via da repressão, prendendo dezenas de opositores políticos e críticos do regime, desprezando a independência do poder judicial e abolindo as garantias institucionais dos direitos humanos", condenou a Amnistia Internacional num relatório publicado na segunda-feira.

Segundo a ONG, que considera "falsas" as acusações contra os detidos, Saied "privou os tunisinos dos direitos fundamentais por que tanto lutaram para conseguir [durante a revolução democrática de 2011] e alimentou um clima de repressão e impunidade".

Vários jornalistas e magistrados são também objeto de processos judiciais.

A Tunísia está também abalada por uma profunda crise financeira e está a procurar ajuda externa.

Leia Também: Arábia Saudita empresta 500 milhões à Tunísia em crise financeira

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