O chefe do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, não é apenas o líder de uma milícia militar. Conhecido como 'cozinheiro de Putin', o fundador daquele exército considerado como fundamental para a ofensiva militar levada a cabo pela Rússia na Ucrânia terá, também, escrito um livro para crianças, há cerca de 20 anos.
‘Indraguzik’ conta a história de Indraguzik e da irmã, Indraguza, “pessoas pequenas” que vivem dentro de um candelabro de um teatro, entre humanos. O livro segue a trama de Indraguzik a partir do momento em que, ao cair do candelabro, o menino tenta encontrar o caminho de volta a casa, conta o The Moscow Times.
Ainda que os autores ‘oficiais’ sejam os filhos do russo, condenado a nove anos de prisão por roubo, e acusado de crimes de guerra na Ucrânia, além de, alegadamente, ter interferido nas eleições norte-americanas, o prefácio do livro indica que a obra foi uma colaboração entre Prigozhin e os filhos, Polina e Pavel.
O livro teve apenas cerca de duas mil edições, a maioria das quais entregues a amigos, familiares e colaboradores. Contudo, o jornal russo teve acesso a uma cópia da obra publicada em 2004, pela editora Agat.
De acordo com o mesmo meio, Indraguzik passa por várias personagens durante as suas aventuras, incluindo outra “pessoa pequena”, Gagarik, que é descrito como “um homem mais velho com um pássaro e uma gabardina de tecido áspero”. Esta personagem cozinha sopa para o menino, o que poderá ser uma referência ao negócio de restauração do líder militar.
A criança encontra, eventualmente, um menino humano, chamado Grande Indraguzik, que decide ajudar o homólogo e oferecer-lhe um balão, para que consiga regressar ao candelabro.
O livro de 90 páginas, que conta ainda com várias ilustrações creditadas ao próprio Prigozhin, desvenda também que a família consegue aumentar as “pessoas pequenas” e fazer com que se assemelhem a “humanos”.
À medida que tentam encontrar a terra natal, Indraguzik e os amigos chegam a Indroguzia, onde conhecem o rei. Um erro de cálculo faz com que a magia do menino deixe o monarca num tamanho gigante, que apela a que a criança reverta o processo.
“Como é que posso reinar se o meu povo é tão pequeno? Poderia destruí-los por engano. Por favor, façam com que seja o mesmo rei que era. Apenas um rei pequeno pode reinar os Indraguziks”, cita o The Moscow Times.
No final, um poema descreve as aventuras da criança como “divertidas e estranhas”.
Prigozhin tem sido um crítico fervoroso do Ministério da Defesa e do Estado-Maior do exército russo, tendo acusado diretamente o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e o chefe do comando militar russo, Valery Gerasimov, de não fornecerem armas suficientes à sua milícia militar.
Na verdade, o responsável terá pedido ao Comité de Investigação e ao Ministério Público da Rússia que para que investigassem possíveis crimes cometidos por altos funcionários do Ministério da Defesa durante a campanha militar na Ucrânia, na quarta-feira.
O responsável alertou, inclusivamente, que tem uma lista com todos os nomes dos envolvidos nos alegados crimes, acusando-os diretamente de traição. Atribuiu ainda o elevado número de baixas do Grupo Wagner em Bakhmut à falta de munições da unidade paramilitar.
Lançada a 24 de fevereiro, a ofensiva militar russa na Ucrânia já provocou a fuga de mais de 14,6 milhões de pessoas, segundo os dados mais recentes da Organização das Nações Unidas (ONU), que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A entidade confirmou ainda que já morreram mais de 8.895 civis desde o início da guerra e 15.117 ficaram feridos, sublinhando, contudo, que estes números estão muito aquém dos reais.
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