Meteorologia

  • 25 ABRIL 2024
Tempo
14º
MIN 13º MÁX 19º

Turquia. Refugiados, nacionalismo e economia vão manter-se temas centrais

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, reivindicou hoje a vitória na segunda volta das eleições presidenciais com os resultados a apontarem para uma margem muito reduzida face ao opositor Kemal Kiliçdaroglu, e quando a Turquia enfrenta desafios decisivos.

Turquia. Refugiados, nacionalismo e economia vão manter-se temas centrais
Notícias ao Minuto

19:32 - 28/05/23 por Lusa

Mundo Turquia/Eleições

"A primeira questão que vai surgir após estas eleições será em torno dos refugiados sírios, a quem foi concedida a muitos milhares a nacionalidade turca", indicou, em declarações à Lusa, o cientista político Ozgun Emre Kog, que acompanhou o escrutínio no município de Kadikoy, no lado anatólio de Istambul, junto ao mar de Mármara.

"Não sabemos o número de refugiados, será um tema muito controverso nos próximos dias porque a diferença de votos entre os dois candidatos é curta, talvez menos de um milhão de votos", sublinhando que, segundo os números oficiais, "mas não confiáveis", pelo menos 250.000 sírios já obtiveram a nacionalidade turca.

No rescaldo eleitoral, o analista prevê a demissão de Kiliçdaroglu, líder do Partido Republicano do Povo (CHP, principal força da oposição) e a convocação de um congresso para a eleição de novo líder.

"Em paralelo, é provável que o nacionalismo se reforce na Turquia, em torno do Partido da Vitória (Zafer Partisi, ZP) e do seu líder Umit Ozdag, um partido laico que se reivindica do kemalismo, apoiante do opositor da Erdogan mas como uma agenda ultranacionalista e anti-imigração", afirmou Emre Kog.

O sentimento "anti-imigração" foi um dos motivos que impeliram o líder do CHP, apoiado por uma ampla e heterogénea coligação, a alterar o seu discurso na segunda volta das presidenciais.

"Na segunda volta, Kiliçdaroglu teve de utilizar um discurso nacionalista devido aos migrantes sírios e de outras nacionalidades, não sabemos o número, e que não estão registados. É um tema que junta o sentimento do povo turco e curdo, é a questão número um na Turquia", precisou.

Um fator que também irá ser crucial para o terceiro mandato consecutivo de Erdogan e o seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), conservador islamista e que liderou a coligação que em 14 de maio voltou a garantir maioria absoluta no parlamento.

"Para Erdogan é uma vitória falsa, não é uma verdadeira vitória. A Turquia está em crise económica, mas que vai assumir características devastadoras. Podem ocorrer protestos de rua, já existe uma significativa pobreza no país será difícil Erdogan governar nestas circunstâncias", previu.

A vitória eleitoral de Erdogan, ainda não confirmada oficialmente, foi de novo garantida na "Turquia profunda", onde se concentram as empresas de tradição familiar e a população mais conservadora e seguidora do Islão sunita, que domina o país.

"De momento, a população com menos recursos ainda apoia Erdogan, foram mobilizados em torno de um discurso nacionalista e de vídeos falsificados que associavam Kiliçdaroglu ao 'terrorismo' curdo. E que reconheceram serem falsos", disse o cientista político.

Ozgun Emre Kog prevê que este sentimento nacionalista será destruído pela crise económica.

"Será muito difícil Erdogan governar nestas circunstâncias. Dentro de oito meses, em março de 2024, vão decorrer as eleições municipais, e os principais partidos vão registar grandes dificuldades devido à crise económica", previu.

O Presidente turco, com 69 anos, tem revelado crescentes sinais de debilidade física e no decurso da campanha foi forçado a interromper por alguns dias a sua comparência na agenda do AKP.

"Erdogan está velho, com deficiente condição física, e será muito difícil governar nestas condições, que serão muito exigentes. Não sabemos o que nos espera", afirmou Ozgun Emre Kog.

Leia Também: Eleições na Turquia. Erdogan reivindica vitória nas presidenciais

Recomendados para si

;
Campo obrigatório