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António Vitorino retira candidatura à OIM. Amy Pope é nova diretora-geral

Português saiu da corrida após ter perdido a primeira votação, na manhã desta segunda-feira.

António Vitorino retira candidatura à OIM. Amy Pope é nova diretora-geral
Notícias ao Minuto

15:09 - 15/05/23 por Lusa

Mundo OIM

O português António Vitorino retirou hoje a recandidatura à liderança da Organização Internacional para as Migrações (OIM), após ter perdido a primeira votação para a norte-americana Amy Pope, que dirigirá a instituição, revelou à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros.

"Hoje, durante a primeira volta, o resultado apontou para um apoio maior para a candidata americana e o senhor António Vitorino tomou a decisão de retirar a sua candidatura", disse João Gomes Cravinho em declarações por telefone a partir de Genebra, onde se encontra a acompanhar a votação para a OIM.

A OIM já confirmou oficialmente que Amy Pope, 49 anos, ex-adjunta de Vitorino, e que contava com o apoio dos Estados Unidos, será a nova diretora-geral da agência que integra o sistema das Nações Unidas, durante os próximos cinco anos, e a primeira mulher a exercer o cargo.

"Pensamos que ele teria sido, de facto, o melhor candidato para os próximos cinco anos, mas respeitamos [a decisão], é a democracia a funcionar no sistema multilateral", comentou o ministro, deixando elogios e orgulho do trabalho de António Vitorino no seu mandato, iniciado em 2018, em tempos "extremamente difíceis, com grandes crises internacionais, incluindo a pandemia [de covid-19]" ou o Afeganistão.

De acordo com o regulamento da OIM, o diretor-geral é eleito por maioria de dois terços do Conselho, numa eleição por voto secreto, mas Pope não conseguiu apoio suficiente à primeira volta, ao obter 98 votos contra os 67 do antigo ministro português, de acordo com fontes diplomáticas citadas pela agência norte-americana AP.

Os únicos candidatos ao cargo eram o atual diretor-geral da OIM, António Vitorino, nomeado por Portugal e com apoio da União Europeia (UE), e a vice-diretora-geral para a Gestão e Reforma da OIM, Amy Pope, nomeada pelos Estados Unidos da América.

Para João Gomes Cravinho, era "muitíssimo difícil concorrer com uma candidata dos Estados Unidos, que têm uma capacidade de afirmação diplomática internacional que vai muito para além daquilo que é possível".

O governante recordou que desde os anos 70, a OIM tem sido liderada pelos Estados Unidos e que, em 2018, Vitorino "quebrou esse ciclo", o que só foi possível por ter como adversário um candidato apoiado pela então administração de Washington, liderada por Donald Trump [republicano], noutras circunstâncias internacionais, em que não conseguiu impor a sua vontade.

"Passados cinco anos, há uma outra administração [do democrata Joe Biden], outra capacidade de afirmação internacional, muito ativa diplomaticamente em todas as frentes e todas as partes do mundo, e foi isso que fez a diferença em relação a um país como Portugal, apesar do excelente registo de trabalho do Dr. António Vitorino", comentou.

Nesse sentido, João Gomes Cravinho considera que o diretor-geral cessante construiu no seu mandato "uma organização muito mais sólida, muito mais estruturada, muito mais capaz de responder aos desafios que, infelizmente, provavelmente continuarão a crescer".

Como agência da Organização das Nações Unidas (ONU), a OIM é a principal organização intergovernamental no campo das migrações, tem cerca de 19.000 funcionários em 171 países que fornecem comida, água, abrigo e apoio logístico e burocrático aos migrantes, e responde a crises em lugares tão diversos quanto a fronteira EUA-México, Mediterrâneo central, Bangladesh, Ucrânia e Sudão.

A OIM recebeu o estatuto de observadora permanente na Assembleia-Geral da ONU em 1992 e, posteriormente, um acordo de cooperação entre a OIM e a ONU foi assinado em 1996.

A OIM ingressou no sistema da ONU em setembro de 2016, após a assinatura de um acordo de relacionamento.

"A OIM apoia migrantes em todo o mundo, desenvolvendo respostas eficazes para a dinâmica de mudança das migrações e, como tal, é uma fonte importante de aconselhamento sobre dados, políticas e práticas de migrações para os seus Estados-membros", segundo a própria organização.

A agência atua ainda em situações de emergência, focando-se em desenvolver a resiliência de migrantes, especialmente em situação de vulnerabilidade, assim como capacitando os governos para gerir todas as formas e impactos da mobilidade.

A organização é guiada pelos princípios consagrados na Carta das Nações Unidas, incluindo a defesa dos direitos humanos universais.

[Notícia atualizada às 16h47]

Leia Também: Adversária de Vitorino na OIM vence primeira votação, mas sem maioria

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